São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Procurador confirma a sentença do TST

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, João Pedro Ferraz dos Passos, confirmou ontem a sentença inicial do Tribunal Superior do Trabalho no seu parecer ao recurso dos petroleiros encaminhado contra aquela decisão do TST.
Ele disse que os acordos dos trabalhadores com o governo feitos no ano passado não têm validade jurídica. O parecer sustenta a decisão do TST, que no último dia 9 julgou a greve da categoria abusiva e determinou a volta imediata ao trabalho.
A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - O senhor tentou uma saída alternativa para acabar com o impasse da greve?
João Pedro Ferraz Passos - Queria que as partes sentassem só para ver se conseguiam alguma coisa para que os empregados voltassem ao trabalho. Não tive sucesso. A Petrobrás não senta com grevista. Queria que ela dissesse isto diretamente aos petroleiros e, com isto, eles possivelmente voltariam ao trabalho. Mas não consegui.
Folha - O discurso da empresa está muito duro?
Ferraz Passos - Está muito difícil. A disposição é levar às últimas consequências a decisão do TST no sentido de que a greve é ilegal. Não estou encontrando disposição por parte da empresa para qualquer sinalização aos empregados em greve.
Folha - É possível se tentar um acordo em relação à decisão judicial?
Ferraz Passos - A conciliação do trabalho é possível sempre. Até depois de proferida uma decisão. Uma sentença judicial não pode ser empecilho a um entendimento das partes. A própria Justiça do Trabalho tem sua concepção baseada em princípios conciliadores. Ela não poderia, até por princípio, ser empecilho a um acordo.
Folha - Mas o TST declarou a greve abusiva.
Ferraz Passos - Isto porque os acordos firmados anteriormente, no âmbito do governo e da Petrobrás, não têm valor jurídico para modificar a sentença proferida no dissídio coletivo anterior. Agora, se a empresa resolver tomar qualquer atitude, como conversar com os empregados visando o retorno ao trabalho, não vejo nenhum desrespeito à decisão do tribunal.
Folha - Há alguma pressão do TST para que a decisão seja cumprida?
Ferraz Passos - Não há pressão, até mesmo porque a decisão não tem cunho executório. A sentença do TST diz que aqueles acordos não valem, o que não impede a discussão de outro.
Folha - Na sua opinião a greve ainda dura muito tempo?
Ferraz Passos - Se a decisão do TST confirmar o acórdão anterior, não vejo alternativa para os empregados senão a volta ao trabalho. Juridicamente não há onde recorrer.

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