São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Monopólio gera bate-boca entre tucano

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A discussão da quebra do monopólio estatal das telecomunicações terminou em troca de ofensas na reunião da bancada do PSDB na Câmara, ontem.
O deputado Domingos Leonelli (BA), contrário ao fim do monopólio, xingou de ``vagabundo" o líder José Anibal (SP).
``Esse líder é um vagabundo que desrespeita toda a bancada", disse o tucano baiano ao deixar antes do final a segunda reunião do dia da bancada sobre o tema.
Leonelli revoltou-se depois que Anibal classificou de ``chicanas" (manobras) as intervenções de Leonelli questionando a defesa da emenda que quebra o monopólio.
``Isso é fruto do desespero de quem se isolou e se desqualificou no debate", respondeu o líder do PSDB ao seu oponente no debate.
O bate-boca dos dois tucanos encerrou um dia tenso na discussão interna sobre a emenda do governo que quebra o monopólio estatal das telecomunicações.
O líder afirmou, depois do fim da primeira parte da reunião, que Leonelli está isolado na bancada ao defender o monopólio. ``Só o Leonelli tem essa posição", afirmou. ``Mais uma vez, o líder fez declarações que não são verdades", respondeu Leonelli.
Para o deputado Ubiratan Aguiar (CE), pelo menos três tucanos continuam resistindo à quebra do monopólio estatal. A relutância de parte da bancada obrigou Anibal a marcar o prosseguimento do encontro para a noite.
O líder disse que não pensa em fechar questão (obrigar a minoria a seguir a maioria) sobre o assunto.
O deputado Antônio Kandir (SP) chegou a ameaçar pedir o fechamento de questão, mas depois desistiu. Ele não escondeu que a situação não é tão tranquila.
``Existem uns cinco ou seis deputados resistentes", calculou Kandir. Para ele, o número pode chegar a duas dezenas de rebeldes tucanos na questão do petróleo.
A tendência amplamente majoritária dos deputados do PSDB é pela quebra do monopólio das telecomunicações. A dúvida é se a regulamentação deve ser feita por lei ordinária ou complementar.
A diferença entre esses dois tipos de legislação está no quórum exigido para sua aprovação.
A lei ordinária precisa de metade mais um dos deputados presentes em uma sessão de votação que tenha atingido o número mínimo necessário para sua instalação (257 parlamentares).
Para aprovar uma lei complementar, é necessária a metade mais um dos votos do total de deputados (257 de 513 votos possíveis).

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