São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Zagallo mostra o caminho que seguirá

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Edmundo na seleção? Tem lógica isso? Quando o moço estava em campo, deslumbrando a torcida e humilhando o inimigo, não mereceu nem sequer uma citação de Zagallo. Agora, parado há mais de quinze dias, suspenso pelo Palmeiras e com destino incerto, é convocado.
Há lógica, sim. Apenas ela se esconde nas sombras dos bastidores dos grandes negócios, e a gente não vê.
Mas a convocação de Edmundo, se pode servir para resolver o problema do jogador, passa a ser irrelevante diante do problema da seleção. Refiro-me à questão tática, que tem servido de mote para as louvações entoadas em homenagem ao Zagallo redivivo como o novo arauto do futebol ofensivo.
Eis uma chance de ouro para ver qual o caminho real que Zagallo quer seguir quando a seleção entrar em campo em busca de dois (ou três) pontos. Pois, pela lista dos escolhidos, ao técnico oferecem-se duas alternativas muito claras: repete a fórmula de Parreira, nos EUA, o que cimenta a vertente por Zagallo trilhada até aqui, durante os amistosos.
Se optar pela dupla de volantes com Dunga e César Sampaio, por exemplo, completando o setor de meio-campo com a exumação de Zinho, sepulte-se, desde já, a tese da redenção. Porque ele terá lá, à sua disposição, Leonardo e Rivaldo, para, nos lugares de César Sampaio e Zinho, manter o nível de segurança com dose extra de ofensividade.
O tempo, como sempre, será o senhor da verdade.

Houve um tempo em que o Maracanã era chamado de Recreio dos Bandeirantes. Os paulistas iam lá, davam uma sova nos cariocas e voltavam fagueiros à velha província, banhada ainda pela tradicional garoa. Mas de muitos anos pra cá nem garoa, nem diversão no Maracanã. Ao contrário: os paulistas vertem sangue para sair de lá com uma derrota digna.
Eis, pois, esta noite, uma bela oportunidade para o Corinthians redimir o futebol de sua terra, diante de um Vasco hesitante, em fase de transformação. Mas como, se o próprio Corinthians carrega em sua bagagem uma negra crise, detonada pela derrota diante do arqui-rival Palmeiras, ainda no último domingo? A propósito, o que a Fiel fez com o goleiro Ronaldo não se faz com um inimigo. Em primeiro lugar, porque o rapaz não cometeu nenhuma falha no jogo; em segundo, porque é um dos poucos que já assegurou nicho na galeria dos imortais do Parque.

Deve dar Milan, hoje. Porque tem defesa sólida, é mais experiente e conta com o gênio de Savicevic. Mas, se ganhar o Ajax, abrirei champanhe, em homenagem ao verdadeiro futebol, feito de graça e arrojo.

Maradona na Vila? Nem que seja como Heleno de Freitas, que desembarcou na Vila, entrou em campo, foi expulso, exibiu suas pudendas ao público e seguiu para Barbacena, onde morreu. Louco.

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