São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Primeiro dia começou com ``opção chuva"

RICARDO CALIL
DO ENVIADO ESPECIAL A GUARAPARI (ES)

Na noite anterior ao começo das filmagens, Tizuka aparentava uma nervosismo normal para quem ficou cinco anos sem filmar.
O motivo, porém, era o tempo nublado, que obrigaria a produção a seguir a ``opção chuva", priorizando locações em interiores, alternando o cronograma.
Por conselho de uma assistente, ela preferiu um comprimido a um copo de uísque para conseguir dormir. Mas, ainda assim, sonhou que estava chovendo. O dia seguinte amanheceu com garoa fina.
Ao começar a filmar, Tizuka demonstrou ter adquirido alguns vícios de TV. Ela sempre esquecia de confirmar se o som estava gravando, já que o equipamento de vídeo em TV tem som automático.
Mais tarde, confessou também que estava ``relaxada demais" para uma filmagem de cinema. Ou seja, repetia muitas cenas, gastando o precioso filme 35 mm.
Como o cineasta francês François Truffaut mostrou em ``A Noite Americana" (1977), os bastidores da filmagem exigem mais do diretor do que méritos artísticos.
Ele deve ter uma atenção e uma disposição absolutas para os detalhes, da depilação da perna da atriz à trepidação da câmera.
Para Tizuka, a capacidade de improviso define bem o cineasta, pelo menos o brasileiro.
Nas filmagens da manhã, participaram apenas os protagonistas Luciana Rigueiro e Vitor Hugo.
À tarde, sobrou tempo só para duas sequências curtas em um quarto do hotel Meaípe, onde a equipe está hospedada, que virou um quarto de uma clínica hospitalar. Dessas cenas, participaram também Fagundes, Luiz Tadeu Teixeira e Francisco Solano.
O primeiro dia de filmagem serviu para provar a resistência dos estreantes Vitor e Luciana, que, apesar do frio, tiveram que entrar na água e esperar molhados vários minutos entre um take e outro.
Como disse Fagundes, parafraseando Marcello Mastroianni, sobre o que é uma filmagem para um ator: ``É um lugar onde a gente espera, espera, e um dia o diretor chega e diz que já acabou."
(RC)

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