São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Israel planeja casas em Jerusalém

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israel manteve planos de construir casas para judeus em Jerusalém oriental, apesar de ter anunciado a suspensão do confisco de terras palestinas na cidade.
"Vamos continuar a construir em Jerusalém. Vamos continuar a expandir a colonização judaica em Jerusalém", disse ontem Micha Harish, ministro israelense da Indústria e Comércio.
Jerusalém é sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos. Israel anexou o setor oriental após a Guerra dos Seis Dias (1967). Para Israel, é sua "capital indivisível".
A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) reivindica a porção oriental, que pertencia à Jordânia até 1967, como capital de um futuro Estado.
Anteontem o premiê de Israel, Yitzhak Rabin, suspendeu planos de confiscar 53 hectares de terras palestinas em Jerusalém oriental, para construir bairros judaicos.
Mas ontem Harish afirmou que a suspensão só significava que os planos haviam sido adiados.
Rabin foi obrigado a suspender o confisco porque poderia ser destituído por uma moção de desconfiança levada ao Parlamento por partidos dominados por árabes.
Após a suspensão, países árabes cancelaram uma reunião marcada para discutir Jerusalém.
Mas, segundo Eitan Felner, do grupo de direitos humanos B'Tselem, a suspensão terá pouco impacto no projeto de construir milhares de casas judaicas em áreas árabes da cidade.
O principal projeto prevê 6.500 casas no bairro de Har Homa (185 hectares), próximo à aldeia árabe de Sur Bahir (sudeste de Jerusalém), confiscado por Israel em 91.
"Cerca de 2.350 hectares já foram confiscados no passado, mais de um terço de toda a terra em Jerusalém oriental", disse Felner.
O prefeito de Jerusalém, Ehud Olmert, chamou o governo Rabin de "covarde" por voltar atrás nas novas desapropriações.
O governo de Israel pediu ontem perdão à minoria cristã pelo ataque de um soldado israelense a uma igreja Santo Antônio em Jaffa (ao lado de Tel Aviv).
O soldado Haniel Koren, 21, causou danos a imagens na igreja, mas não houve feridos. O mesmo soldado já havia tentado incendiar na semana passada a basílica de Getsemani, em Jerusalém.
O ministro israelense da Religião responsabilizou radicais de extrema direita pelo atentado.
Ontem houve enfrentamentos entre a polícia israelense e manifestantes árabes nas ruas de tel Aviv e Jaffa. Manifestantes ficaram levemente feridos. A polícia não deteve ninguém.

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