São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Leia a íntegra da fala de Brito

Leia a íntegra do pronunciamento do ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito:
Minhas senhoras, meus senhores,
Estou aqui para esclarecer os fatos e explicar a posição do governo sobre a greve dos petroleiros, que já dura 22 dias, provocando prejuízos à economia e trazendo tantos transtornos à população brasileira.
Em setembro de 1994, por decisão do Tribunal Superior do Trabalho, foram estabelecidas, e estão em vigor até 31 de agosto de 1995, as regras que regulamentam as relações entre a Petrobrás e os seus trabalhadores.
Apesar disso, as lideranças sindicais levaram os petroleiros a entrar em greve.
Como todos sabem, o Tribunal Superior do Trabalho, em sessão realizada no último dia 9 de maio, decidiu que as reivindicações salariais não são procedentes. Até 31 de agosto de 1995, continuam em vigor as regras estabelecidas pelo Tribunal em setembro do ano passado. Todas essas regras estão sendo cumpridas pela Petrobrás.
Além disso, por entender que os dirigentes sindicais não cumpriram a exigência legal de manter pelo menos 30% dos trabalhadores em atividade normal em cada uma das unidades da Petrobrás, o Tribunal julgou a greve abusiva e determinou o regresso imediato dos petroleiros ao trabalho.
Mais uma vez, os dirigentes sindicais não respeitaram a decisão da Justiça, prejudicando, inclusive, os próprios trabalhadores. Alguns deles, infelizmente, já foram demitidos, enquanto muitos outros não terão salário a receber amanhã, dia 25 (hoje).
A atitude dos sindicatos em não acatar uma decisão da Justiça é preocupante e revela descaso para com a população brasileira. Mas nós não podemos generalizar.
Milhares de empregados da Petrobrás, das áreas administrativa, de transporte, de pesquisa e dos campos de petróleo, retornaram ao trabalho.
Os petroleiros das refinarias de Manaus e Minas Gerais têm garantido a operação das unidades; parte dos trabalhadores das refinarias da Bahia, do Rio Grande do Sul e do Ceará asseguram, pelo menos, a operação parcial das suas unidades.
Ontem à noite e hoje pela manhã, algumas centenas de trabalhadores resolveram voltar a operar as refinarias de Capuava, Paulínia e Vale do Paraíba, em São Paulo, e a do Paraná.
As tropas do Exército foram chamadas apenas para assegurar que o retorno dos trabalhadores ocorra sem incidentes.
A volta desses petroleiros ao trabalho é uma demonstração de bom senso, de responsabilidade e de respeito à lei. Sobretudo de compromisso com o público. Esta é a tradição dos petroleiros, que construíram esta grande empresa que é a Petrobrás e que tão bons serviços já prestaram ao país.
Estamos diante de uma situação em que não deve haver vencidos ou vencedores. Trata-se somente de acatar uma decisão judicial e garantir o menor prejuízo possível à população.
Conclamo todos os petroleiros que ainda não voltaram às suas atividades normais que sigam o exemplo da grande maioria que já está trabalhando. Este é o exemplo a ser seguido.
Eu garanto a todos que a Petrobrás está aberta às conversações. E isto vai acontecer tão logo os petroleiros cumpram a decisão do Tribunal.
Chegou o momento de por fim à greve. Com ela, todos perdemos. Com o diálogo e entendimento, todos ganhamos. É isto que o país inteiro espera de nós.

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