São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

E ganharam as equipes que arriscaram

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A VIENA

Meus amigos, meus inimigos, colorido dos vermelhos do Ajax e do Milan, o círculo central desta Viena de mil anos, a cidade que não fecha nunca o seu baú de formas surpreendentes, era uma alegre festa neste apogeu da primavera europeu.
Os italianos chegaram antes. Dominaram a noite da terça-feira. Chiques, cabelos engomados, blazers azuis, raybans, mocassins. O futebol da era Berlusconi, do neoliberalismo, da Forza Itália.
O futebol que pode comprar todos os melhores jogadores do mundo. Estavam nos hotéis mais caros, lotaram os restaurantes mais finos. O Milan chegava à antiga capital do Império austro-húngaro.
Ontem à tarde, foi a chamada invasão bárbara. Os holandeses voadores. Informais, despreocupados no vestir e no viver, tomando toda a cerveja que os barris da Amstel conseguem produzir em um ano.
E cantando o tempo todo, uma das características das torcidas holandesas. Na cara dura, roubaram um item milanês: foram eles que introduziram nos estádios a marcha triunfal da Aída, de Verdi.
Postaram-se entre o passado e o presente: em frente aos maravilhosos telhados da Stephansdom, a catedral de nove séculos, e ocupando a moderna caixa de vidro arredondada da Haas Haus.
É incrível que uma cidade com a arquitetura tão rica como Viena tenha se perdido nos seus edifícios mais recentes. A difícil superação do complexo de influência. A Haas Haus, para mim, é terrível.
No alto deste edifício projetado por Hans Hollein e inaugurado em 1990, os ajaxianos colocaram mais uma provocação aos italianos. Uma enorme faixa vermelha dizia: ``Forza Ajax".

As holandesas no jogo contra o Brasil, em Dallas, Texas, na Copa dos EUA, eram lindas. As italianas que o milaneses trouxeram para cá ganharam, de longe, a Copa dos Campeões dos corações.

Outra idéia interessante dos holandeses. A organização do Ajax deixou uma bandeira vermelha em cada um dos 17.325 lugares reservados para a torcida.
Com o estádio vazio, compunha um belo espetáculo de cor e formas. O objetivo era evitar que os torcedores trouxessem bandeiras ou objetos que pudessem ser usados para agressão física.

Van Basten volta a jogar bola? Está é a grande interrogação dos milaneses.
O avoccato Agnelli, dono da Juventus, disse que visitou o jogador e viu o tamanho da cartilagem da clavícula que foi retirada do holandês. O juventino Agnelli acha que ele não joga mais.
Aliás, Agnelli disse que os toques de Roberto Baggio lembram a pintura de Rafael. Ele vai pagar o salário de Baggio a preço das pinceladas de Rafael?

Não poderia voltar mais feliz desta temporada européia de futebol.
Os dois times que mais arriscaram no ataque -usando três e até quatro atacantes- venceram: Ajax e Juve.
A Juventus, ainda por cima, merecia ter ganhado a Copa da Uefa. Mas não se pode querer ter tudo, não é mesmo? Inté.

Texto Anterior: Romário é operado e fica fora do Estadual
Próximo Texto: Taiu's Challenge
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.