São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Novo ``El Mariachi" ganha ritmo frenético

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Robert Rodriguez está de volta. Seu primeiro sucesso, ``El Mariachi" (1993), tornou-se ``cult" como western-tequila produzido a preço de banana (impossíveis US$ 7 mil). Rodriguez foi catapultado da produção de fundo de quintal para os braços de uma grande estúdio (Colúmbia). A prometida continuação, ``Desesperado", passa hoje fora de competição.
Quase tudo mudou. O filme paródico artesanal tornou-se uma espécie de ``Die Hard" latino. Latino e não hispano-americano, eis outra diferença. Basta ver que os protagonistas são agora duas estrelas da Europa latina, o espanhol Antonio Banderas como o herói ``mariachi" e o português Joaquim de Almeida como o sanguinário vilão Bucho.
Poder-se-ia até falar em certo preconceito anti-hispânico. O México continua a ser o cenário. Nada presta. Os bares são pocilgas, os hospitais, inseguros, a única livraria, inútil. Todos são corruptos, até mulheres e crianças, envolvidos com o tráfico de drogas. Mas não é apenas sob este ponto de vista que ``Desesperado" é politicamente incorreto.
O ritmo tornou-se frenético. Rodriguez escreveu, dirigiu e montou o filme. Destaca-se nas duas últimas funções. Evoluiu sensivelmente desde o original. Há momentos de violência hipnótica à Tarantino (que, aliás, faz uma deliciosa ponta). ``Desesperado" tem muito do clima pop de ``Pulp Fiction". O som ``mariachi" marca presença visivelmente por uma questão de referência e de mercado. O embalo, e muito da trilha, é rock puro.
O enredo não poderia ser mais banal. O ``mariachi" busca vingança contra o bandido que lhe matou a amada, aleijou-lhe a mão e deixou-o sozinho. Sangue de montão, nenhuma preocupação com realismo, bastante humor.
``Desesperado" tem Antonio Banderas. O astro revelado por Pedro Almodóvar descobre o personagem que vai definitivamente fixá-lo no topo do estrelato. Seu ``Mariachi" é um tipo forte, muito sensual e vulnerável até certo ponto. (Amir Labaki)

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