São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Arósio estréia em papel ``pouco santo"

ANA PAULA ALFANO
DA REDAÇÃO

Peça: Batom
Direção: Celso Nunes
Com: Fúlvio Stefanini, Luis Gustavo, Elaine Cristina e Ana Paula Arósio
Onde: Teatro Imprensa (r. Jaceguai, 400, tel. 605-0515)
Quando: quinta e sexta às 21h30, sábado às 21h e domingo às 19h
Quanto: R$ 20 (qui, sex e dom) e R$ 25 (sáb)

Depois de cinco anos, Fúlvio Stefanini e Luis Gustavo voltam ao palco juntos numa comédia. ``Batom", que estréia hoje no Teatro Imprensa, é o segundo trabalho dos dois numa mesma peça.
A primeira experiência foi o sucesso ``Meno Male", que tinha também Juca de Oliveira no elenco e direção de Bibi Ferreira.
A peça, que ficou em cartaz de março de 1987 a março de 1990, foi a maior bilheteria de 1988, batendo, entre outras, ``O Mistério de Irma Vap".
Neste novo espetáculo, os dois fazem dois repórteres. Felix (Stefanini) e Carlos (Luis Gustavo) são velhos amigos que acabam em ramos diferentes do jornalismo.
O primeiro, decepcionado com a carreira, apresenta um programa de entrevistas transmitido durante a madrugada, ``Batom". O segundo virou correspondente internacional.
O retorno de Carlos ao Brasil traz de volta antigas rivalidades. Ele e sua mulher, Marina (interpretada pela atriz Elaine Cristina), hospedam-se na casa de Felix e causam uma verdadeira revolução.
Marina e Felix, que foram apaixonados no passado, retomam o romance. Como se isto não bastasse para que a relação dos dois amigos fosse afetada, Carlos tem um caso com a filha de Felix, Claudia.
A modelo e agora atriz Ana Paula Arósio, que estréia nos palcos em ``Batom", faz a estudante de jornalismo que não aceita a carreira ``oportunista" do pai. Idealista, ela vê em Carlos tudo o que quer ser como jornalista.
Há na peça uma discussão do que é ético ou não no jornalismo (o texto é de Walcyr Carrasco, um jornalista), ``mas sem criticar nada", segundo Stefanini.
Luis Gustavo acha ótimo voltar a São Paulo com outra comédia. ``Depois do fim do teatro de revista, poucos comediantes são formados. Eu e o Fúlvio somos dois que sobraram daquela época e temos que aproveitar isto."
O espetáculo une esta geração antiga de comediantes, que já conseguiu seu espaço e sucesso, com outra totalmente nova. Os dois atores aceitaram o desafio ao convidar Arósio para o elenco.
``Escolhemos a Ana Paula primeiro pelo físico. No teatro, as pessoas têm uma necessidade estranha de ver semelhança entre pai e filha", diz Stefanini.
``No mais, ela é uma prova de que este papo de modelo não poder ser atriz é puro preconceito idiota", completa Luis Gustavo.
A modelo-atriz, questionada sobre a possibilidade de a sua participação atrair um público teen à peça, diz que não tinha pensado nisto.
``Posso apenas garantir que quem for ao teatro procurando aquela menina inocente e pura que via nas revistas vai ter uma decepção. A Claudia não é nenhuma santa", explica.
``Acho bom que os adolescentes vejam que eu cresci e que a Ana Paula Arósio é diferente da imagem da modelo", conclui.
O final surpreendente e o misto de amizade e rivalidade entre os personagens é, para Stefanini, o que a peça reserva de mais interessante ao público.
``Ela foge dos moldes tradicionais das comédias. Discute as relações humanas de uma forma comovente e cômica", explica.
Se a fórmula de ``Meno Male" se repetir, quem for ver a peça pode ter a certeza de riso certo.

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