São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Habermas; Geléia; Arquivo do Estado; Petroleiros; O craque Edmundo; Burro e pobre; Cortina de fumaça; Novo ranking

Habermas
``O professor Eduardo Giannetti, em sua matéria `Habermas e a economia', afirma que boa parte da notoriedade da obra do filósofo alemão deve-se a sua obscuridade. Cabe esclarecer que, para outros, a notoriedade de Habermas deve-se ao fato de integrar, sem cair num ecletismo, as mais diversas teorias da ação, da linguagem e da razão, no núcleo da sua Teoria Social, pela qual, entre outras coisas, é possível delinear-se uma interface entre a Escola de Frankfurt e a Escola Austríaca."
Jhering Guedes Alcoforado, professor de economia da Universidade Federal da Bahia (Salvador, BA)

Geléia
``A respeito da nota veiculada na coluna Joyce Pascowitch de 20/5, sob o título `Geléia', a Pão Americano tem a informar que a empresa não foi colocada à venda."
Ruy R. de Souza, diretor-executivo da Pão Americano Indústria e Comércio S/A (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Andréa Dantas - As informações foram devidamente checadas.

Arquivo do Estado
``Na seção Painel, na Folha de sábado, tivemos a oportunidade de ler a espantosa notícia relativa ao nome que arranjaram para o nosso querido Arquivo do Estado. Sim, o espanto foi imediato, porque ninguém daqueles ali à nossa volta sabia quem teria sido aquela pessoa lembrada para denominar o venerando estabelecimento, secular depósito de documentos frequentado há gerações e gerações por pesquisadores, alunos e professores de História. Ele não precisa e nunca precisou de nome, ainda mais nome imposto através de algum conchavo político, como também são batizados viadutos e ruas, cujos patronos são absolutamente desconhecidos do povo e identificados só pelas suas famílias e pelo deputado ou vereador autor da indicação aos seus pares. Ficamos perplexos e, ao mesmo tempo, tristes, porque nos veio à lembrança a figura maravilhosa de Antonio Paulino de Almeida, hoje completamente esquecido. Advogado que mergulhou de corpo e alma na pesquisa histórica, chefiando por dezenas de anos a seção de documentos coloniais do Arquivo do Estado. Com meia dúzia de dedicados funcionários, paleógrafos como ele, traduziu e publicou centenas de volumes fundamentais como os `Documentos Interessantes', os `Inventários e Testamentos' e os `Boletins', hoje imprescindíveis aos estudiosos de nosso passado. Lembramo-nos nitidamente do nosso amigo, na sala mal iluminada, quase cego, com os seus óculos de grossas lentes a cinco centímetros do documento, ditando para o estudante incapaz de ler aquele texto difícil o teor do papel consultado. Era de uma paciência infinita, arcado sobre a sua escritura do dia-a-dia. Era um daqueles protagonistas obscuros, cujo trabalho acumulado chega sem paternidade declarada aos usuários desinteressados em saber quem o fez. Hoje, Antonio Paulino está dormindo profundamente, como diria Manuel Bandeira, e sua obra não identificada continua distante do reconhecimento público. Justamente por isso é que todo aquele acervo monumental pode receber qualquer nome de qualquer aproveitador de méritos alheios, enquanto qualquer político garante votos de sua comunidade fazendo batismos extravagantes."
Carlos A. C. Lemos, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Petroleiros
``Está muito em voga os nossos políticos, juristas e principais jornais manifestarem-se a respeito da greve dos petroleiros, criticando os grevistas e suas lideranças, dizendo que as decisões da Justiça têm que ser respeitadas e não discutidas. Entretanto, permito-me recordar que tais indignações legais não ocorreram com tanto vigor quando o senador Humberto Lucena foi condenado em todas as instâncias legais a perder o mandato e, em vez de acatarem a decisão da Justiça, logo trataram de criar uma lei casuística e absurda para anular os efeitos da decisão judicial. E o presidente FHC, hoje tão acatador da lei, na época foi cúmplice da afronta que se fez à Justiça. Não que eu seja favorável à greve dos petroleiros, mas o fato ora relatado não está tendo a devida consideração pela grande imprensa e pela Folha em particular."
Nicola Felice Granato Neto (Santos, SP)

``O STF absolveu Collor e concedeu prisão especial a Bandeira. O TST invalidou acordo firmado entre Petrobrás, governo e petroleiros, declarou a greve abusiva e ainda condenou o sindicato que exercer direito de greve a pagar pesada multa. Em resumo, o Judiciário precisa ser repensado."
Luiz A. Corona (Pato Branco, PR)

O craque Edmundo
``Alguns que nunca jogaram nem bola de gude estão perplexos com a convocação de Edmundo para jogos da seleção brasileira. Zagalo não é trouxa. Não joga para perder. Com uma boa conversa, o polêmico craque entra nos eixos. Em campo, Edmundo e mais dez, e estamos conversados."
Vicente Limongi Netto (Brasília, DF)

Burro e pobre
``A greve das universidades brasileiras reflete o descaso de nossas autoridades governamentais pela educação no Brasil, que, sendo a oitava economia mundial, ocupa o 88º lugar em gastos com a educação. Como dizia Ruy Barbosa: `Investir na educação é a mais fecunda de todas as medidas financeiras'. País burro é país pobre."
Mario Negreiros dos Anjos (Niterói, RJ)

Cortina de fumaça
``Gostei do editorial `Feiticeiros enfeitiçados', pois ele mostra as armadilhas que os juros altos criam para a economia e indiretamente demonstra que as metas que os estão `justificando' constituem `cortina de fumaça' para o único objetivo real e alcançável, não por acaso o critério de Serra para decidir pela redução dos juros: a balança comercial voltar a ser superavitária."
Antonio Barretto dos Santos (Rio de Janeiro, RJ)

Novo ranking
``Gostaria de ver publicados, pela Folha, os resultados de um ranking de citações específico para autores de artigos publicados em periódicos das Ciências Sociais e Humanas. Essa lacuna, manifesta por alguns pesquisadores que se expressaram no Mais! em que foi publicada a lista da elite de cientistas brasileiros, faz reforçar, para muitos dos leitores fora do campo científico, a idéia errônea de que a ciência se restringe aos campos das Ciências Físicas e Exatas."
Lídia Alvarenga, professora do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (Brasília, DF)

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