São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Noronha receberá 120 turistas por dia

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do dia 13 de junho, o arquipélago de Fernando de Noronha passa a receber apenas 120 turistas diariamente, por tempo indeterminado, segundo o administrador do arquipélago, Elias Gomes da Silva.
A decisão foi anunciada no dia 12 de maio, e visa preservar o local, que estaria sofrendo de uma forma de turismo predatório.
Elias Gomes disse à Folha que sua idéia é tentar criar um turismo ecológico para a região, minimizando os danos ao lugar: ``Fernando de Noronha tem características próprias, assim não pode seguir o mesmo modelo de exploração do turismo usado por uma cidade como Recife".
A limitação a uma cota diária de turistas, se apóia em estudos técnicos que mostram que o arquipélago possui apenas 420 leitos oficiais.
As medidas foram tomadas em acordo com a Aeronáutica e o governo de Pernambuco. Todos os vôos ``charters" foram suspensos.
A idéia é circunscrever o número de turistas ao número de leitos. ``Nós já enfrentamos sérios problemas de abastecimento de água e energia", afirma Elias. Nos feriados, o número de visitantes chega a 1.100.
Mas os 420 leitos divulgados, deixam de lado dezenas de pousadas que não são reconhecidas oficialmente. Um número que chega perto dos 95.
Para o administrador do arquipélago, as medidas afetarão essa parcela da população, que vive dessa exploração informal do turismo. Assim, pretende criar um centro industrial para o reaproveitamento dessa mão de obra.
Agências
O efeito imediato das medidas, segundo as grandes agências que operam com pacotes para Fernando de Noronha, é o aumento dos preços das passagens para o arquipélago.
Segundo Fernando Guijarro, 36, gerente de representantes da rede cooperada Hollyday Tour, que congrega 44 agências, não é possível definir a percentagem exata dos aumentos: ``O fato é que a proibição dos charters terá essa consequência".
Guijarro acredita que as medidas eram realmente necessárias, mas discorda da maneira que foi realizado. Sem uma discussão com as empresas de viagem.
Para algumas agências, a alternativa será oferecer ao consumidor uma rota alternativa, mas com características semelhantes ao arquipélago de Fernando de Noronha.
É o que acredita Aldemir Cavalcanti, 27, gerente de produção da Costa Viagens. Segundo Cavalcanti, em baixas temporadas a agência chegava a vender 240 passagens por mês. Nos meses de alta temporada (junho e julho) o número chega ao triplo.
Para ele a alternativa será a ilha baiana de Abrolhos, que passará a ter uma procura maior nos próximos meses.

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