São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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PSDB sugere a Malan fim de ajuste por IPC-r

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) foi aconselhado ontem por parlamentares do PSDB a acabar com as regras de reajuste automático de salários pela inflação passada a partir de julho deste ano.
Há ressalvas apenas para o salário mínimo e para os vencimentos dos servidores públicos.
A tese ganha força no governo, que teme a reação negativa do Congresso a uma proposta deste tipo. É praticamente certo, por exemplo, o fim do IPC-r como índice oficial para reajustes de salários.
A primeira proposta de Malan para uma nova política salarial a partir de julho -reajustes por uma combinação da inflação passada com a expectativa de inflação futura- também está quase abandonada pela equipe econômica, segundo a Folha apurou.
Se confirmados estes consensos no governo, restam duas discussões: 1) se salários até uma determinada faixa (três mínimos, por exemplo) terão correção garantida ou não e 2) se será utilizado um novo índice em substituição ao IPC-r ou se fica tudo para a livre negociação.
Os salários foram tema de um café da manhã que reuniu Malan e lideranças do PSDB na Câmara, além da política de juros e das negociações do governo com os parlamentares ligados ao setor rural.
A equipe econômica quer avançar na desindexação da economia para romper com a chamada ``memória inflacionária" -quando os reajustes salariais geram altas de preços e realimentam a inflação.
O deputado Antônio Kandir (PSDB-SP), economista, disse a Malan que o governo dispõe das condições políticas ideais para propor a desindexação (fim dos reajustes automáticos) salarial já em julho, em vez de uma política de transição.
``Este é um governo forte, com base parlamentar para aprovar reformas importantes", explicou Kandir. Malan considerou, no café da manhã, que desindexar seria o ideal.
A proposta de Kandir é que o governo estabeleça em lei apenas uma periodicidade máxima -um ano- para reajustes salariais, uma regra para o mínimo e outra para os servidores públicos. O restante seria decidido em livre negociação entre patrões e empregados.
Márcio Fortes (PSDB-RJ) reforçou os argumentos de Kandir: ``Não tem sentido os salários serem corrigidos por um índice que incorpora, por exemplo, os preços da moda outono-inverno, o que não tem importância no interior do Nordeste".

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