São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Covas corta verba e Cultura demite 150

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; ELVIS CESAR BONASSA
EDITOR DO PAINEL

ELVIS CESAR BONASSA
A Rede Cultura (TV pública paulista) demitiu ontem 150 funcionários. As demissões devem continuar em junho e vão provocar mudanças na programação.
Os funcionários decidem hoje, em assembléia às 14h em frente à emissora, se entram em greve contra o programa de demissões.
A Folha apurou que a meta é cortar 400 dos cerca de 1.400 funcionários da TV, em todas as áreas. Até a semana passada, já haviam ocorrido 100 demissões voluntárias, totalizando 250.
Faltam 150 cortes, que só não foram feitos agora porque não haveria dinheiro para pagar os direitos trabalhistas dos demitidos.
As demissões já feitas servem só para equilibrar o orçamento de maio da emissora, afirma o diretor-superintendente e presidente interino, Renato Bittencourt, 60.
Segundo ele, o que obriga o corte de pessoal é a redução do repasse de verbas do governo estadual à Rede Cultura. O valor planejado era de R$ 57 milhões, mas foi reduzido para R$ 37 milhões.
O orçamento da Cultura para 95 previa liberações de cerca de R$ 4,5 milhões ao mês. Entre janeiro e abril, os repasses já foram diminuídos em cerca de 28%. De maio a dezembro, cairão ainda mais: vão ser de R$ 2,8 milhões/mês.
Bittencourt acha que a decisão do governador Mário Covas (PSDB) dificilmente será mudada. ``O que podia ter sido feito para mostrar as consequências dos cortes ao governo já foi feito. Mas a posição deles é muito firme".
Bittencourt disse ainda não ser possível prever qual o impacto dos cortes de verba e pessoal na programação. Mas a Folha apurou que alguns programas sairão do ar.
Com a demissão de 24 pessoas no Departamento de Jornalismo, o programa cultural ``Metrópolis" e o jornal ``60 Minutos" não deverão mais ir ao ar aos sábados. O ``Grandes Momentos do Esporte" e o ``Jornal de Domingo" terão sua duração reduzida.
Estão em risco o ``Castelo Rá-Tim-Bum" e o ``X-Tudo". Os episódios transmitidos agora foram produzidos no ano passado. Em 95, a produção está praticamente paralisada por falta de recursos.
A decisão de cortar o orçamento da emissora foi tomada pessoalmente por Covas. No último sábado ele reuniu-se com Bittencourt e os secretários estaduais da área econômica e comunicou a decisão.
Bittencourt tinha tentado junto ao secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, manter o orçamento em R$ 50 milhões. O governador vetou a negociação.

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