São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Casal assaltado busca Cetren

DA REPORTAGEM LOCAL

Um incidente fez o auxiliar administrativo da Prefeitura de Curitiba (PR) Alexandre Guebur, 29, e sua mulher, Valéria, passarem duas noites na Cetren, esta semana. Eles nunca haviam dormido em um albergue público.
O casal viajou de Curitiba a São Paulo, na última terça-feira, para o enterro da mãe de Guebur. Na viagem, o rapaz teve sua carteira roubada. O casal ficou sem dinheiro.
``Depois do enterro, tentamos conseguir dinheiro na rodoviária, para voltar a Curitiba. Como não conseguimos, fomos dormir na Cetren", disse Guebur, que ganha R$ 250 por mês. A Cetren embarcou ontem o casal para Curitiba.
Guebur, que dormiu na ala masculina da Cetren, disse que se sentiu ``constrangido" porque não tem o ``mesmo hábito das pessoas que frequentam o albergue".
Casos como o de Guebur são comuns na Cetren. Além de pessoas que não têm dinheiro para voltar para casa, o órgão atende basicamente desempregados em busca de trabalho, doentes que procuram atendimento, alcoólatras que querem se tratar e pessoas que procuram abrigo durante a noite.
Os homens são a maioria dos usuários. Anteontem, das 576 pessoas que dormiram na Cetren, 434 (75%) eram homens, 113 (20%), mulheres, e 29 (5%), crianças, que só são aceitas se acompanhadas de pais ou responsáveis.
A mineira Antonia Rodrigues, 22, que dorme no alberque em dias frios, deixa o filho de nove meses no SOS Criança. ``Quando não está frio, a gente dorme no Parque D. Pedro (centro)", disse.
Ela vive como mendiga em São Paulo há cinco meses, quando chegou à cidade e não conseguiu emprego. ``Eu vim com meu filho para procurar o meu marido, que deixou a gente", afirmou.

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