São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Governo troca juros altos por reforma constitucional

GILBERTO DIMENSTEIN; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do BC (Banco Central), Pérsio Arida, disse ontem à Folha que a política de juros altos é necessária para segurar a inflação e, com isto, evitar o enfraquecimento do governo na votação das reformas constitucionais.
Ao manter a inflação sob controle, o governo tem mais condições de aumentar sua credibilidade perante a população. Em consequência, cresce sua força política no Congresso para aprovar as mudanças na Constituição.
Pérsio Arida disse que as taxas de juros vão cair, mas o ritmo da queda dependerá basicamente do desaquecimento da economia. ``Os primeiros sinais de redução do consumo já ocorreram, mas os juros só vão cair se o comportamento da economia, como um todo, permitir", afirmou Arida.
Um dos fatores que ajudará a determinar a velocidade da redução dos juros é o reflexo positivo das reformas constitucionais para atrair investimentos estrangeiros.
Este foi o recado que o ministro Pedro Malan (Fazenda) passou ontem a parlamentares do PSDB durante café da manhã no Ministério da Fazenda.
Segundo o deputado Antonio Kandir (PSDB-SP), que participou do encontro, as votações no Congresso estão consolidando uma maioria favorável às propostas de reforma constitucional.
Kandir lembrou que nos últimos 22 dias, o ingresso de capitais estrangeiros foi maior em relação aos meses anteriores. Neste período, entraram US$ 2 bilhões no país, enquanto em abril as saídas entre o dia 1º e o dia 22 superaram as entradas de dinheiro em cerca de US$ 260 milhões.
O valor corresponde a 33,3% dos US$ 6 bilhões de recursos estrangeiros que saíram desde o início do ano.
Para o presidente do BC, a política de juros altos foi o remédio encontrado para segurar o crescimento da economia em um cenário de fuga de capitais estrangeiros e tendência de inflação alta.
``O nível de crescimento da economia estava muito acelerado", afirma Arida. Na avaliação do governo, esta situação é totalmente incompatível com o plano de estabilização.

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