São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995 |
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Dorothy Parker ganha retrato pálido `Círculo Vicioso' conta vida da autora JOSÉ GERALDO COUTO
Produção: EUA, 1994, 158 min. Direção: Alan Rudolph Elenco: Jennifer Jason Leigh, Campbell Scott, Matthew Broderick Onde: cines Vitrine e Arouche A escritora, cronista, poeta, jornalista e roteirista de cinema norte-americana Dorothy Parker (Jennifer Jason Leigh) merecia uma cinebiografia menos monótona e unidimensional que este ``O Círculo Vicioso". Com sua crítica mordaz e suas tiradas irônicas, Dorothy foi uma das mais controvertidas e famosas personalidades literárias americanas dos anos 20 e 30. Escreveu em revistas como ``Vanity Fair" e ``The New Yorker", roteirizou filmes como ``Nasce uma Estrela" (primeira versão, de 1937) e criou contos como ``Big Loira" (publicado no Brasil em coletânea da Companhia das Letras, organizada por Ruy Castro). Teve dois casamentos e um punhado de casos amorosos infelizes. Um deles, nunca consumado, com o crítico de teatro Robert Benchley, serve de fio condutor ao filme de Alan Rudolph. O problema maior do filme é reduzir toda a riqueza da vida e da obra de Dorothy Parker a praticamente uma única dimensão: a da mulher mal-amada, bêbada e deprimida. Alternam-se quase que só dois tipos de cenas: as conversas do ``círculo vicioso" de intelectuais nova-iorquinos no bar do hotel Algonquin e as bebedeiras de Dorothy depois de ser abandonada por algum homem. Entremeando essas passagens, Dorothy/Jennifer declama seus poemas olhando para a câmera, com voz pastosa e pretensamente irônica. Dada essa opção narrativa, a complicada passagem da autora por Hollywood é reduzida a duas breves sequências no começo e no final do filme. Quanto à produção ficcional de Dorothy, nem sequer se tenta de algum modo abordá-la ou inseri-la no filme. Prevalece, de resto, uma atmosfera mais doentia e teatral do que se poderia esperar de um filme sobre personagens tão ativos e, segundo consta, divertidos. E tome ambientes sombrios, imagens embaçadas, iluminação mortiça. O filme, em suma, é mais desanimado que propriamente melancólico. Só serve, como já disse Sérgio Augusto, para os interessados numa espécie de ``who's who" da intelectualidade nova-iorquina nos anos 20. O que, convenhamos, é muito pouco para um filme produzido por Robert Altman e dirigido por aquele que já foi considerado seu principal discípulo. (JGC) Texto Anterior: `Killer' coloca matador na rota da tragédia Próximo Texto: Diretor negro troca gueto por terror Índice |
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