São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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`Ladyhawke' esquece a poesia

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Tudo bem, esta história tem seu encanto, além do que o bispo de Áquila lança sobre o cavaleiro Hutger Hauer e sua amada Michelle Pfeiffer.
Segundo esse feitiço, Hauer deve se transformar em lobo assim que a noite cai, enquanto Pfeiffer se transformará em um pássaro durante o dia. O resultado óbvio é que ambos nunca terão suas feições humanas ao mesmo tempo.
A partir daí, Richard Donner desenvolve o que pode ser definido como uma bela fábula sobre a fidelidade no infortúnio. Isso porque os dois amantes levam existências paralelas, mas perfeitamente solidárias: protegem-se mutuamente, cuidam-se e de certa forma alimentam seu amor.
O que se pode dizer a respeito do filme de Donner é que ele evita toda vulgaridade, o que já é mais do que nada. Contra ele, pode-se falar no perfeito profissionalismo. Isso não significa que o filme é bem feito e devia não ser.
E sim que uma situação poética precisa ser mais tocada pela poesia do que pelo maquinário. ``Ladyhawke" é uma variante de ``A Bela e a Fera". E é impossível, vendo-o, deixar de lembrar do belo filme de Jean Cocteau.
É esse excesso, essa desmedida tão presente em Cocteau que falta a ``Ladyhawke": lá existe arte, aqui existe apenas o relatório bem composto dos desencontros do amor. (IA)

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