São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Fujimori intervém em universidades

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, sancionou ontem lei que reorganiza as universidades públicas do país. Na prática, a medida prevê a intervenção do governo nas universidades consideradas ``focos de terroristas".
A primeira instituição a sofrer os efeitos da nova lei é a Universidade Nacional Maior de San Marcos. O reitor, Wilson Reátegui, foi destituído à força de seu cargo, por intervenção policial.
Reátegui protestou contra a medida: ``É uma lei inconstitucional, porque se choca com a lei orgânica e a lei universitária, e foi aprovada por um número insuficiente de congressistas".
Em sessão secreta de três horas na noite de anteontem, 35 parlamentares aprovaram a lei. Na mesma noite Fujimori a sancionou e ontem ela foi publicada. O Peru tem 28 universidades públicas.
Os estudantes da Universidade San Marcos fizeram protesto contra a medida na principal avenida do campus universitário. Policiais dispersaram a manifestação. Foram recebidos a pedradas.
San Marcos, fundada em 12 de maio de 1551, é a mais antiga universidade latino-americana. Outra instituição onde a lei entra em vigor imediatamente é a Enrique Guzmán y Valle, conhecida por Universidade La Cantuta.
Ambas já haviam sofrido intervenção logo após o ``autogolpe" do presidente Alberto Fujimori (ele suspendeu as garantias constitucionais e deu mais poderes a si mesmo), em 1992.
Em julho daquele ano, um professor e nove alunos de La Cantuta foram mortos por um grupo de militares do Exército, que foram condenados meses depois.
Fujimori não deu explicações oficiais para a aprovação da lei. Pela proposta aprovada no Congresso, os reitores, vice-reitores e os conselhos universitários afetados serão substituídos por comissões de cinco membros, com mandato de um ano.
As atividades acadêmicas, promete o governo, não serão afetadas. As comissões proporão um programa de aposentadoria voluntária dos atuais professores e funcionários e farão a seleção de novo pessoal.
O segundo vice-presidente do Peru, César Paredes Canto, se declarou surpreso com a medida. Ele acumula a função com a de presidente do conselho de reitores de universidades peruanas. Paredes Canto disse que não havia sido informado sobre a lei.
Por volta do meio-dia, ele se reuniu com o presidente. Na saída, declarou apenas que não cabia ao público, mas apenas aos congressistas, conhecer as razões da mudança na estrutura universitária.

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