São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995 |
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Credibilidade externa A venda de títulos em ienes feita anteontem pelo governo foi um marco na recuperação da credibilidade do país e até mesmo da América Latina. A boa aceitação dos títulos do Brasil espantou o fantasma de que a crise do México tivesse estancado o crédito para a região. A captação equivale a US$ 915,7 milhões e tem prazo de dois anos. Não se pode, evidentemente, cair na ilusão de que a possibilidade de trazer recursos do exterior permita manter uma balança comercial deficitária. Nesse sentido, a lição do México foi inequívoca: é uma aventura sustentar um excesso de importações com base em recursos financeiros voláteis. Mesmo assim, a possibilidade de recorrer ao financiamento externo é sempre uma segurança a mais para o país. A restauração do crédito externo, ademais, permite reduzir as taxas de juros internas. É um sinal de confiança no Brasil; um sinal de que o governo não precisa mais pagar taxas de juros exorbitantes para atrair recursos para o país. O sucesso da operação ajudou a reforçar um dos sustentáculos mais frágeis da estabilização econômica: a manutenção de um nível confortável de reservas internacionais. À captação de grande porte do governo vem somar-se o saldo positivo de mais de US$ 1,5 bilhão nas operações cambiais deste mês. Depois da forte apreensão causada pela fuga de capitais nos quatro primeiros meses do ano, o cenário externo começa novamente a melhorar. As taxas de juros internacionais voltaram a cair. Os juros pagos pelos títulos de 30 anos do Tesouro norte-americano, por exemplo, tinham superado os 8% ao ano há alguns meses. Hoje, estão em 6,7% ao ano. Essa menor atratividade das aplicações nos países desenvolvidos alarga mais uma vez o espaço para os chamados mercados emergentes, entre os quais se inclui o Brasil. Assim, a progressiva normalização das condições de crédito externo traz certamente maior tranquilidade à economia nacional. Mas deve-se estar alerta para que com ela o país não caia na tentação de seguir a desastrosa rota mexicana. Texto Anterior: A Operação Rio que falta Próximo Texto: Um quase sítio Índice |
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