São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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DEPOIMENTO

<UN->MARLY COOKE

``Ia me casar em novembro de 69. Tinha mandado fazer um vestido lindíssimo, o apartamento estava comprado e decorado.
Eu e ele namoramos durante sete anos. Quando nos conhecemos, eu tinha 15, 16 anos.
Convidei para madrinha de casamento uma pessoa que eu considerava minha melhor amiga.
Ela inventou para meu noivo que eu tinha paquerado um rapaz. Dez dias antes da cerimônia, nós terminamos tudo. Fiquei superabalada. Ainda continuei fazendo as provas do vestido de noiva, estava tudo pronto. Até os padres nos ligaram para conversar, saber o que havia acontecido, e eu não conseguia entender nada.
Devolvi os presentes que tínhamos ganhado. Foi um choque muito grande, o mundo tinha desabado na minha cabeça. Para mim, era Deus no céu e ele na terra.
Ele pediu para se encontrar comigo na porta da igreja no dia em que iríamos casar. Eu não fui. Na verdade, ele não queria terminar.
A pessoa que inventou a história fez muito bem a cabeça dele. Alguns meses depois, eu e meu noivo acabamos nos casando. Foi uma cerimônia íntima, só no civil, com poucas pessoas. Não usei o vestido de noiva. O rompimento anterior cortou todo aquele sonho.
Depois de um tempo, encontrei essa amiga em uma boate. Ela me disse que fez aquilo porque não queria que eu casasse antes dela.
Eu e meu marido ficamos casados por sete anos e nos divorciamos. O vestido de noiva ficou guardado. Quatro anos atrás, eu o dei para uma empregada que ia se casar. Era uma coisa que, quando eu olhava, machucava, que fazia parte de um passado nada fácil de viver quando existe amor.
Às vezes, acho que está tudo superado, mas fatos como esse têm um significado muito forte e deixam sequelas que se refletem no lado emocional pela vida inteira."

MARLY COOKE, publicitária.

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