São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Créditos em liquidação aumentam 50% em relação ao ano passado

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O total de créditos em liquidação no sistema financeiro mexicano chegou a US$ 14,5 bilhões esta semana. Volume 50% superior ao do encerramento do ano passado.
Segundo dados da ABM (Associação de Banqueiros do México), esse montante corresponde a 12,3% do total de créditos concedidos pelos bancos mexicanos, taxa mais alta em toda a história.
Mantendo-se o ritmo de crescimento dos créditos considerados irrecuperáveis, essa porcentagem pode chegar a 15% em julho. Face a essa situação, o Ministério da Administração associou-se à ABM para lançar um programa de reestruturação de créditos.
O projeto tem como objetivo conscientizar o cliente (pessoa física) de que ele pode converter suas dívidas em UDIs (unidades indexadoras), para proteger-se da inflação ou de uma eventual desvalorização da moeda mexicana.
O programa permite também uma renegociação dos juros e um alongamento do prazo da dívida.
Será instalado, em cada Estado do país, um centro de atendimento específico para clientes que queiram reestruturar suas dívidas.
Para José Madriaga Lomelín, presidente da ABM, o projeto deve começar a gerar resultados em um prazo de dez dias. Ele espera renegociar 70% do volume de créditos em liquidação.
Madriaga reiterou a intenção dos bancos de observar cada caso. ``Vamos atender cada cliente individualmente", disse.
Para o governo mexicano, o programa é ``bastante útil", pois visa as pessoas físicas, que muitas vezes ignoram a alternativa das UDIs. ``A solução do problema das dívidas convém tanto aos clientes como aos bancos", afirmou Estebán Moctezuma, ministro da Administração.
Falta de liquidez
Não é só o sistema financeiro mexicano que se vê às voltas com problemas de liquidez (falta de dinheiro em caixa).
Segundo dados do Ministério da Fazenda, o governo ainda tem US$ 13,9 bilhões de tesobonus (títulos do Tesouro) para saldar nos próximos oito meses de 1995.
Muitos economistas acreditam que esse volume seja muito maior. Apenas no último leilão (que acontece uma vez por semana), o governo colocou à disposição US$ 640 milhões em títulos.
A expectativa de que o governo não cumpra seus compromissos trouxe de volta a instabilidade aos mercados financeiros. A Bolsa acumulou queda de 7% de quarta a sexta-feira e o dólar subiu 4,6% na última semana, sendo vendido a 6,20 novos pesos.

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