São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Sinais são de distensão do recolhimento compulsório

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

BB opera apenas para atenuar arrocho monetário; juros continuam altos
O Banco do Brasil teria comprado este mês US$ 4,6 bilhões no câmbio comercial. Sob orientação do Banco Central, o BB ``opera" o câmbio como ``superdealer", com carta branca.
Vem controlando nas duas pontas a liquidez do comercial. O BB não executa uma simples missão de enxugamento dos dólares, mas é parte fundamental de uma estratégia não-declarada do BC.
Por meio do BB, o BC age para recuperar as reservas cambiais, revigorar a âncora cambial e atenuar os efeitos do arrocho monetário.
Para isso, é fundamental que os juros fiquem altos, para atrair capitais externos.
A compra de US$ 4,6 bilhões este mês significa a injeção de R$ 4,11 bilhões na economia. De um lado, o BB secou a liquidez em dólar, de outro ampliou a de reais.
A estratégia tornaria possível ao BC reduzir o compulsório bancário sem mexer nas taxas de juros.
A queda do compulsório, se expressiva, poderia tirar do sufoco o setor produtivo, sem comprometer a política de juros altos.
O BC já definiu o custo do dinheiro para o início de junho. A taxa-over do Selic continuará nos 5,66% de maio. Como junho tem um dia útil a menos que maio, o juro mensal passará de 4,24% para 4,04%, mas o juro efetivo por dia útil ficará igual, 0,1889%. Não dá, como tentou Pérsio Arida, para falar em queda das taxas de juros.
Mas como a inflação é ascendente, a estabilidade dos juros significa queda no ganho real do investidor. Em maio, frente o IPC-r de 2,57%, o over pagou juro real de 1,63%. Em junho, para um IPC-r estimado em 2,65%, a remuneração real cai para 1,35%.
Para o tomador de crédito, este declínio não alivia, uma vez que há um enorme spread entre as pontas de captação e de aplicação.
Os CDBs são a melhor aplicação de renda fixa. Porque os juros podem cair mais do que prevê o mercado futuro (4,24% em maio, 3,90% em junho, 3,65% em julho e 3,55% em agosto) e porque embutem taxa-over maior do que a do DI futuro.

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