São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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Queda dos juros depende de ajustes no Plano Real
JOSÉ ROBERTO CAMPOS
A possibilidade de um novo déficit nestas contas -o quinto no ano- acende um sinal amarelo sobre a condução da atual política e torna mais próxima uma correção de rumos quando o plano está prestes a completar um ano. Para garantir o aumento das exportações sem mexer no valor do dólar, o governo sustenta juros altos -a compensação vem pela aplicação antecipada dos recursos das vendas lá fora no mercado financeiro. Se os juros baixarem, o dólar tem que ficar mais caro. Fazer uma coisa sem a outra derrubaria as exportações e afrouxaria o controle do consumo. Há dúvidas dentro e fora do governo sobre qual é o atual ritmo de crescimento da economia. Um dos termômetros é a importação. O governo conseguiu frear a compra de carros mas não teve o mesmo sucesso na compra de insumos e máquinas. O país continua a gastar algo como US$ 4 bilhões mensais (US$ 3,861 bilhões no mês passado). O primeiro semestre do ano é tradicionalmente forte em exportações e o segundo em importações, diz Flavio Nolasco, economista da consultoria Brasilpar. Para ele, as medidas tomadas em março e a elevação de alíquotas de carros e eletroeletrônicos apenas impediu que as compras no exterior seguissem uma trajetória explosiva. Mas não impede que a economia continue operando próxima do nível anterior à desvalorização do real e exigindo importações elevadas. ``O potencial de compra de bens importados ainda é muito grande", afirma Nolasco. Um exemplo deste poder é o aumento de 70% em dólar do salário mínimo. No dia 1º de junho ele era de US$ 74,79, hoje atinge US$ 111. ``E isto vale para toda a economia." Para reverter esta situação a equipe econômica teria que promover uma redução dos salários ou uma ``tremenda recessão", com taxas de crescimento negativas no segundo semestre. Nolasco considera estas duas saídas politicamente inviáveis. ``O cobertor é curto", conclui. ``Sobra uma medida clássica, a desvalorização do câmbio". O que tem dado alguma tranquilidade ao governo é a volta dos capitais externos (US$ 1,8 bilhão pelo câmbio comercial e cerca de US$ 800 milhões pelo flutuante). O desequilíbrio na balança comercial, porém, pode reverter o fluxo de entrada de recursos de uma hora para outra. Nolasco considera provável que o governo faça nova desvalorização em julho, quando o valor do dólar encostará naquele que motivou a adoção do sistema de bandas cambiais no início de março. Texto Anterior: SIDERURGIA; VEÍCULOS Próximo Texto: Falta definição da política cambial, diz Ibrahim Eris Índice |
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