São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Servidor demitido enfrenta preconceito

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início do ano, mais de 14 mil paulistas deixaram o ``conforto" do serviço público para engrossar as estatísticas de trabalhadores demitidos e as filas das agências de empregos.
O retorno ao mercado de trabalho, na maioria dos casos, tem sido sofrível. Currículos que apontam experiência por vários anos no setor público costumam ser descartados nas seleções.
O preconceito contra o servidor público ou empregado de estatal é semelhante ao enfrentado por quem passou períodos longos em uma única empresa privada.
``A menos que o profissional seja um especialista reconhecido em sua área de atuação", ressalva o consultor em recursos humanos Odino Marcondes, 47, diretor da Marcondes & Associados.
O servidor público demitido traz o estigma de profissional acostumado com rotinas de trabalho inadequadas para a iniciativa privada.
Ele seria, para o selecionador, um trabalhador pouco propenso a cumprir as tarefas sob pressão, a passar por avaliações de resultados e a apontar soluções imediatas para qualquer imprevisto.
``Em um processo de seleção, esse profissional terá que comprovar capacidade para trabalhar em empresa privada", diz Marcondes.
Para driblar o problema, boa parte dos demitidos das estatais paulistas virou prestador autônomo de serviços, consultor ou microempresário -e fugiu, assim, da seleção para uma vaga.
Segundo João Mendes de Almeida, 52, consultor da DBM do Brasil, a recolocação de profissionais vindos da administração pública direta ou de estatais pode ser difícil, mas é possível.
O ponto forte desses profissionais é o conhecimento de procedimentos corriqueiros do setor público. É uma qualificação que pode interessar empresas prestadoras de serviços para o governo e estatais.
Essa vantagem, no entanto, não garante o emprego. Novos referenciais, como a produção voltada para o cliente ou a qualidade de produtos e serviços, norteiam hoje os negócios das empresas.
Marcondes sugere aos demitidos que frequentem seminários e palestras e leiam livros sobre qualidade total, reengenharia e gestão moderna de empresas.
``Ajuda a atualizá-los, mas não quer dizer que eles vão mudar o comportamento no trabalho."

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