São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Baneser pode``sujar" currículo

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Procurar emprego com um currículo de vários anos de trabalho em órgãos públicos tornou-se tarefa mais complicada para quem foi um dia vinculado ao Baneser.
O Baneser funcionava como uma subsidiária do Banespa (banco estadual) na contratação de mão-de-obra para o Estado.
Os candidatos passavam por um processo de seleção, mas não enfrentavam concurso nem tinham direito a estabilidade de emprego.
Em janeiro, cerca de 9.250 profissionais do Baneser alocados em diferentes órgãos públicos e estatais receberam a comunicação da demissão por telegrama.
Agora, a parcela de demitidos que arregaçava as mangas e os ``fantasmas" -que iam às repartições apenas para apanhar o contracheque- estão em um mesmo balaio, aos olhos dos selecionadores.
Essa é a situação de Dina Maura Simões Fernandes, 43, pedagoga e socióloga que trabalhou na Secretaria Extraordinária da Criança e do Menor e no Conselho Estadual para Estudos da Aids.
Hoje, ela roda pelo interior de São Paulo vendendo bijuterias fabricadas por uma amiga. ``Pelo menos consigo um salário equivalente ao anterior."
Contratada pelo Baneser em 1987, Dina havia se especializado no Canadá com Claude Oliveinstein, coordenador do programa francês de combate às drogas.
Demitida em janeiro deste ano, Dina mandou seu currículo para uma consultoria especializada em recolocação de profissionais no mercado de trabalho.
Pagou R$ 1.500 e até agora não foi chamada para nenhuma entrevista. ``O Baneser certamente me atrapalha", afirma.
Secretária com 24 anos de experiência, Maria Cecília Fonseca, 42, ainda não conseguiu nem um ``bico" para ajudar nas contas.
Vinculada ao Baneser desde 1991, ela era secretária de um dos assessores da Secretaria de Planejamento. Foi demitida em março.
Tentou uma vaga de atendente em uma videolocadora, mas a idade e o Baneser como antecedentes não ajudaram. Agora, ela está nas mãos de uma consultoria.
``Minhas economias já estão se esgotando", diz. ``Quem pode empregar deveria nos dar um voto de confiança."
(DCM)

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