São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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Brasil tem 86 faculdades de odontologia
CARLA ARANHA SCHTRUK
A imagem do ``dentista bem de vida" vem das décadas de 60 e 70, quando o número de profissionais era bem menor e o poder aquisitivo da população era maior. Segundo o CRO (Conselho Regional de Odontologia), o Brasil contabiliza 86 faculdades de odontologia, mais do que os Estados Unidos e o Canadá juntos. O resultado é inevitável. ``O mercado não tem condição de absorver os 8.000 novos dentistas que se formam por ano", afirma Emil Adib Razuk, presidente do CRO-SP. ``As perspectivas são ruins nos próximos cinco anos." Segundo o vice-diretor da Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo), Moacyr da Silva, 55, a maioria dos alunos se assusta quando toma pé no mercado de trabalho. ``Dentista ganha mal. Os novatos trabalham duro no mínimo cinco anos para ter rendimento e estabilidade razoáveis", diz. Na opinião do presidente do CRO, ``há uma concorrência absurda". Henrique Montilinsky, presidente do Sindicato dos Odontologistas, não é tão pessimista. ``Acho que, com a estabilização da economia, a população terá mais condições financeiras para procurar o tratamento dentário." O profissional tem 15 áreas de atuação: cirurgia, dentística restauradora, endodontia, hipnose, implantologia bucal, matérias básicas, odontologia legal, odontologia preventiva, odontopediatria, ortodontia, patologia bucal, periodontia, prótese, prótese-buco-maxilo-facial e radiologia. Como cirurgião-dentista -nome correto dado ao profissional-, há campo de trabalho em empresas privadas, órgãos públicos e instituições de ensino/pesquisa. Há também a opção do consultório particular. Para montá-lo, é necessário um investimento de, no mínimo, R$ 30 mil, segundo Moacyr da Silva, da USP. Estudar em uma boa faculdade e acumular conhecimento/perícia técnica, além de estar sempre atualizado, são ingredientes indispensáveis para sobreviver no mercado de trabalho da odontologia. As escolas públicas e as particulares Unip (Universidade Paulista Objetivo) e Unisa (Universidade de Santo Amaro) são as mais respeitadas, segundo profissionais ouvidos pela Folha. O vestibular Fuvest 95 registrou uma 31,32 candidatos por vaga da USP. A taxa de evasão, tanto nas faculdades particulares como nas públicas, é praticamente zero. ``É difícil entrar, o curso é puxado, então simplesmente ninguém abandona", explica Nicolau Detortamano, 57, diretor do Instituto de Ciências da Saúde da Unip. Nelson Villa, 60, diretor da Faculdade de Odontologia da Unisa e professor de histologia (estudo das células) diz que atualmente os cursos de especialização, disponíveis em várias instituições de ensino, ``são muito procurados". Texto Anterior: Tecnologia da informação abre vagas Próximo Texto: USP debate carreira dia 4 Índice |
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