São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Silva surge como o timoneiro do Palmeiras

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Quis o destino que Carlos Alberto Silva estreasse no Palmeiras esta tarde contra o Guarani, que o lançou nacionalmente, em 78, e que ele deixou em situação privilegiada na última temporada.
Isso, num momento em que o Palestra atravessa uma turbulência inimaginada desde que, com a Parmalat, ganhara o porte de supercampeão. Eis por que, ao contrário de seus predecessores -Otacílio, Luxemburgo e Espinosa-, que sempre estiveram a reboque do supertime, Carlos Alberto surge como o timoneiro que haverá de reconduzir o time às mansas correntes até bem pouco singradas.
É da ironia da vida eu escrever isto, posto que fui o autor da cruel frase sobre Carlos Alberto, quando ele era técnico do São Paulo, no início dos 80: um piloto de teco-teco no comando de um Boeing.
Mas o tempo passou, o futebol mudou e Carlos Alberto, embora não tenha incorporado em seu repertório nenhuma peça da mais fina sofisticação dos mestres da estratégia, comprovou ser um vencedor, mesmo com métodos convencionais.
Diria que se trata de fiel discípulo do saudoso Osvaldo Brandão, que, com tosco pragmatismo e um psicologismo elementar, conseguia tocar a alma de seus jogadores no ponto certo, aquele que desperta o campeão em cada um.
Talvez seja o que falta ao Palmeiras.

A vitória sobre o Vasco, pela Copa do Brasil, por certo, adiou a queda de outro técnico: Eduardo Amorim, do Corinthians. É bem verdade que a vitória não foi obtida através de uma performance magnífica dos corintianos. Ao contrário: foi fruto muito mais da timidez de um Vasco em transformação, que, embora jogando em casa, jamais se arriscou a agredir o adversário com a constância e a magnitude que a situação exigia.
Por outro lado, foi a entrada de Elivélton que conferiu ao ataque do Corinthians a contundência e a velocidade de que tanto careceu ao longo de toda a partida. Aliás, um videoteipe do que tem ocorrido desde que Eduardo assumiu a direção do time. E isso, sem dúvida, é seu mérito.
Hoje, diante da Lusa-surpresa de Candinho, porém, a história recomeça. E o cheiro de fritura voltará por certo a pairar na cinzenta atmosfera do Parque, caso ocorra o pior.

Edmundo se foi para a Gávea para compor, no dizer dos rubro-negros, o maior ataque do mundo, com Romário e Sávio, autor de dois gols lindos contra o Grêmio, outra noite. E logo surgem os céticos experts, alertando para os riscos de um ataque tão individualista e ofensivo. Afinal, quem se arrisca tanto no Brasil de futebol tão competitivo?
Nem no mundo, com uma única exceção: o Ajax, que levantou o título europeu ainda no meio da semana, enfrentando o supra-sumo do futebol competitivo moderno -o Milan. E só o fez depois que seu técnico enfiou em campo não três atacantes, mas quatro. Até então o Milan era o dono do espetáculo. Logo...

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