São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Provar que teoria de Einstein é falsa pode levar ao Prêmio Nobel

DA REPORTAGEM LOCAL

Jayme Tiomno, 75, um dos maiores físicos relativistas do Brasil, acredita que Nimtz pode ter realmente enviado uma sinfonia mais rápido do que a luz, mas, de alguma forma, isso não representaria uma violação do princípio da causalidade de Albert Einstein.
Tiomno tem autoridade para falar do tema. Na década passada, ele mostrou que o físico César Lattes -famoso por anunciar ter encontrado uma falha nas teorias de Einstein- estava errado.
Ele explica que a citação de seu nome, em artigo de Waldyr A. Rodrigues Jr. no "Jornal de Resenhas", publicado em 1º de maio pela Folha, o desagradou justamente porque os dois não concordam quanto a falhas na relatividade einsteiniana.

Folha - Por que a citação de seu trabalho no artigo do professor Waldyr Rodrigues o desagradou, se o trabalho citado foi realizado por ambos?
Jaime Tiomno - O professor Waldyr Rodrigues faz referência a nosso artigo enviado em 1982 para publicação na revista "Foundations of Physics", o que ocorreu (a publicação) em 1985.
Escreve Rodrigues, "alguns de meus esforços estão sumarizados em artigos de J. Tiomno. Atualmente existem grande excitação sobre essas questões dado o fato de que G. Nimtz conseguiu transmitir a 40ª Sinfonia de Mozart entre dois pontos do espaço com velocidade quase cinco vezes maior do que a da luz". Em particular, à referência a meu nome é incorreta e levou mesmo colegas a duvidarem da sua veracidade.
Folha - Por que incorreta?
Tiomno - Ao contrário do que dá a entender o trecho acima mencionado, nosso trabalho em 1985 -essencialmente feito em 1982- não sumariza, nem o pode, as possíveis teorias alternativas às de Einstein, por ele procuradas desde 1985, portanto posteriormente a nosso trabalho.
Folha - De que trata, então, o trabalho?
Tiomno - O trabalho analisa imprecisões e conceitos emitidos em artigo de Kolen Torr sobre diferenças de previsões da teoria da relatividade de Einstein e da teoria alternativa do éter de Lorentz. Isso no caso de dois experimentos propostos por Kolen Torr (1982).
Mostramos que os trabalhos de Kolen Torr estão errados e que as experiências propostas não permitiriam decidir entre essas teorias, porque ambas teorias levariam ao mesmo resultado.
Portanto, não seria detectado eventual violação da relatividade. No trabalho, não é feita qualquer referência a esforços de Rodrigues anteriores ao ano de 1985.
Folha - Qual a relação entre o referido trabalho e o experimento de Nimtz?
Tiomno - A justaposição de nosso trabalho ao de Günter Nimtz, sobre velocidades superluminais, pode dar a impressão errada de que eles se relacionam.
Ainda mais, a referência breve ao trabalho ainda não publicado de Nimtz dá a entender que seus resultados estejam mais em concordância com teorias alternativas e não com a da relatividade.
Isso é explicitamente negado por Nimtz quando diz, em seu trabalho de 1994 -onde anuncia o resultado da 40ª Sinfonia-, que experiências dos tipos das suas não podem ser usadas para testar a causalidade einsteiniana, contra as teorias alternativas.
Folha - Se Nimtz enviou a sinfonia mais rápido que a luz, isso não seria uma violação da relatividade?
Tiomno - Não necessariamente. Acho que existe uma explicação, tanto que o Nimtz diz em seu trabalho que não é violação da relatividade. Ele diz, não sou eu que estou dizendo.
A explicação eu não sei exatamente qual é. Isso é uma coisa que eu não posso declarar, porque pode haver erro nessa interpretação. Pode até ser que eventualmente venham descobrir violações da relatividade por aí.
A gente tem que respeitar a opinião de alguém que está trabalhando há anos dentro desse campo e afirma que não se trata de violação da relatividade.
Para ele, seria muito melhor que fosse, porque quem fizer uma experiência que prove que a relatividade é falsa, mesmo em condições especiais, vai ficar famoso. É coisa que pode dar um Prêmio Nobel.

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