São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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'La Fontaine em Fábulas' ensina e diverte
MÔNICA RODRIGUES COSTA
Dirigido por Maria Cristina Gatti, o espetáculo é uma comédia musical, com música ao vivo. Finalmente! Isso é raro no teatro para crianças. A montagem usa poucos instrumentos -violão, flauta, duas latas, caxixi e um pequeno sino tibetano. Mas a música (Cláudio Savetto) é bem-construída, e os atores têm potência de voz. A marca forte dessa leitura cênica do poeta francês é a mistura de linguagens e de recursos artesanais com preparo técnico. Há cenas em que os atores se comunicam por meio da mímica. Outras, em que o diálogo flui dentro de uma narrativa linear e, ainda, algumas passagens em que reina o improviso. O enredo de ``La Fontaine em Fábulas" é uma colagem das fábulas ``A Raposa e o Corvo", ``A Raposa e a Cegonha", ``A Cigarra e a Formiga", ``O Ratinho e sua Mãe", ``A Coruja e a Águia" e ``O Rato do Campo e o Rato da Cidade". O narrador (Fernando Escrich) acrescenta informações históricas sobre a vida e a época em que viveu La Fontaine e comenta as fábulas com fluência e leveza. O sotaque francês de Escrich poderia ser dispensado, pois o texto da peça já é claro o suficiente. O ator faz o papel de La Fontaine. O menino Kim Lage é o personagem que apóia o narrador e ajuda a dar movimento às cenas. As cenas das fábulas são divertidíssimas. Veridiana Toledo consegue fazer caricatura da formiga séria e chata vista nos livros infantis. Versátil, a atriz se transforma na desajeitada cegonha e em uma grande improvisadora, que domina com naturalidade a platéia. Sandra Oak faz uma cigarra delicada e simpática. A decadência da personagem no inverno é contundente. Os ratos do campo (Marcos Tumura) e da cidade (Rubi), por sua vez, envolvem completamente a platéia. O estilo de figurino (João Gomes Rêgo) é marcante. Ao mesmo tempo que faz referência histórica, as formas das roupas guardam uma certa indefinição. As cenas se sucedem e os atores vão acrescentando elementos ao vestuário. Tecidos pesados se sobrepõem e formam um jogo curioso de cores, destacadas pela iluminação correta (Wagner Freire), que chama a atenção sobre a maquiagem (Gatti e atores). Com o movimento dos atores no palco, as roupas compõem o cenário, feito de poucos objetos. O grupo carioca ficou quatro anos em cartaz no Rio. Agora em São Paulo, relembram os 300 anos da morte de La Fontaine. Peça: La Fontaine em Fábulas Direção: Maria Cristina Gatti Elenco: Sandra Oak, Veridiana Toledo, Rubi, Marcos Tumura, Fernando Escrich e Kim Lage Onde: Sala São Luiz (av. Juscelino Kubitschek, 1.830, tel. 011/827-4111) Quando: sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 8 Texto Anterior: Mostra seduz visitantes do país e do exterior Índice |
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