São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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caretas do Brasil

HELOISA HELVECIA

de Tonheta pode e deve ser apreciada em duas peças no teatro Brincante, em São Paulo.
Uma é "Brincante", que estreou em 1992 e fixou o personagem. Dirigida por Nóbrega e outro pernambucano, Romero de Andrade Lima, é encenada às quintas-feiras nesta temporada. "Segundas Histórias", dirigida por Nóbrega com texto de Bráulio Tavares, é o novo trabalho, que continua a ação do herói. Às sextas-feiras, sábados e domingos, no mesmo espaço.
Os dois espetáculos têm no elenco só Antonio Nóbrega e a mulher, Rosane de Almeida. Agradam não-amantes de teatro, mal-humorados em geral, velhos, crianças.
Melhor ver que descrever as -como diz o ator- façanhas tonhetânicas. Uma delas foi lotar por dois meses, de julho e agosto de 94, os 150 lugares do Espaço Cultural Banco do Brasil, Rio. Depois, o pícaro foi ao Glória, teatro com 212 lugares. Mais três meses de casa cheia.
Prodígio paparicado "Toinho, o Antonio Nóbrega, morou em quatro ou cinco cidades no interior de Pernambuco até os 10 anos, quando a família parou em Recife. Vivia batucando sobre as mesas. O pai, médico sanitarista, diagnosticou aquilo como uma ansiedade musical. Colocou o filho para estudar violino. "Ele foi sagaz.
Aos 11, Nóbrega começou sua formação acadêmica no instrumento. Menininho "paparicado, precoce, fazia apresentações circunspetas na escola de Belas Artes, onde estudava.
Choque de Brasil Não conviveu com arte popular na infância ou adolescência. A lembrança mais forte foi ter visto em Lavras da Mangabeira, sertão do Ceará, o primeiro cantador de sua vida. E só. "Às vezes a gente avista e não vê, como diz Suassuna.
Como o virtuose do violino guinou para a pancada do ganzá? O escritor e teatrólogo pernambucano Ariano Suassuna, autor de "Auto da Compadecida, tem a ver com isso. Foi ele quem convidou Nóbrega, então com 18 anos, a integrar o Quinteto Armorial, conjunto idealizado pelo escritor que propunha a instrumentistas eruditos a criação de uma música de câmara brasileira de referências populares.
Antonio Nóbrega mergulhou nos sons dos cantadores, dos conjuntos nordestinos, dos pífanos, das orquestras que animam folguedos. "Foi um choque brutal. Esse universo me tomou de forma indelével.
Dos 12 aos 18, manteve com as irmãs um conjunto de música popular. "O nome era curioso, para não dizer ruim: `Os irmãos Almeida e Paterson'. Tocavam hits de rádio e TV e armavam pantomimas. Fechavam a garagem da casa, em Recife.

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