São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Saiba calcular o valor de empresas

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Comprar uma empresa em funcionamento também envolve riscos -até mesmo os negócios que têm boas perspectivas de lucro.
Antes de mais nada, o futuro empresário deve calcular o valor do negócio. Essa avaliação segue critérios que variam de acordo com o ramo de atividade.
Para padarias, o usual é multiplicar o faturamento por um número entre seis e dez. Para lanchonetes, entre quatro e cinco.
Apesar dessa matemática ser comum entre vendedores e compradores, especialistas no assunto preferem critérios mais rígidos para se chegar ao valor do negócio.
Segundo Roy Martelanc, 33, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), deve-se determinar o fluxo de caixa livre da empresa (quadro ao lado).
Para isso, deve-se subtrair despesas e custos operacionais do total de vendas e somar salário do gerente ou pró-labore do dono.
O total deve ainda ser multiplicado por um fator entre 2% e 3% para ter o valor real do negócio.
``Esses percentuais equivalem à remuneração que o investimento teria no mercado financeiro", diz.
Raul Beer, 42, sócio da consultoria Price Waterhouse, diz que existe uma tendência entre pequenos empresários de levar em conta apenas os ativos, como máquinas, equipamentos ou veículos.
Ele diz que o valor também está relacionado com a rentabilidade. ``É preciso fazer uma projeção dos resultados por um período longo. E assim, avaliar a capacidade da empresa de gerar dinheiro."
Celso Marchi, 47, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), explica que o prazo normal de retorno do investimento em um negócio é de dois anos.
Para fazer essa projeção, segundo Marchi, deve-se observar o seguinte exemplo: uma empresa tem R$ 10 mil de faturamento mensal e R$ 3 mil de lucro. Multiplica-se o lucro por 24 meses (retorno) e chega-se a R$ 72 mil (valor).
Beer diz que não se pode esquecer de ``procurar os esqueletos nos armários", ou seja, obter informações sobre o pagamento de impostos e as contas dos balanços.
Outro detalhe é saber se a empresa tem contrato de empréstimos. ``Alguns contratos podem ter cláusulas de cancelamento em caso de mudança de dono", diz ele.
É importante verificar se os estoques estão adequados e se não existem itens obsoletos.
Há fatores, segundo Marchi, que também devem ser levados em conta na avaliação, como o ponto e o prazo de validade do contrato de locação -se houver-, além do reconhecimento da marca.
Francisco César Jacob, 36, comprou a panificadora Lar da Vila Albertina há pouco mais de três meses, na zona norte de São Paulo. A padaria faz cerca de 4.000 pãezinhos por dia.
Jacob afirma que acertou o preço com o vendedor multiplicando o valor das vendas mensais por seis. ``Se fosse uma padaria nova, a conta seria feita com a multiplicação por oito ou dez."
Segundo ele, o valor do faturamento de um mês foi pago na entrada. Após 41 dias, pagou 50% do total menos a entrada. O restante será pago em três anos.

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