São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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O repórter que se traveste de personagem
RONI LIMA
Quando aparece na telinha, Lopes costuma usar boné e óculos escuros para não ser reconhecido e gravar escondido. ``Você tem que esquecer que está com a câmera. Se ficar preocupado, dança." Além do disfarce, para se aproximar das pessoas ele também procura usar sempre uma linguagem coloquial. Em 23 anos de profissão, Lopes consolidou sua carreira na imprensa escrita. Seu estilo -de se transformar em personagem para apurar melhor suas reportagens- procura seguir os passos daquele que considera um de seus maiores mestres, o repórter policial Octávio Ribeiro (1932-1986) -também conhecido como Pena Branca. Como Ribeiro, ele chegou a participar de rondas da Polícia Militar para acompanhar a busca de criminosos. ``O Octávio me ensinou a malandragem, a coisa de correr junto." Em 1988, fez sua primeira grande reportagem. Vestido como um menino de rua, passou dois dias no centro do Rio de Janeiro, dormindo e cheirando cola com os garotos. Em novembro de 1994, foi convidado pelo diretor-geral do ``Fantástico", Luiz Nascimento, para integrar a equipe do ``Profissão Repórter". Com suas sugestões de pauta, Tim deu novo rumo ao quadro -que abandonou a prática de fazer ``denúncias" para mostrar aspectos comportamentais da cidade. ``A grande denúncia é falar da alma das pessoas, mostrar o que elas têm dentro de si", diz. Com esse objetivo, estreou no programa fantasiado de Papai Noel. Sua idéia era captar a reação das crianças. Mas o que mais chamou sua atenção foi o comportamento dos adultos. Uma mulher, segundo ele, chorou ao lembrar que, em sua infância pobre, não ganhou a boneca que tanto quis. Desde então, Lopes já ``viveu" vários personagens -entre eles um vendedor de água, em uma participação que considera das mais importantes de sua carreira. Nesta reportagem, exibida pelo ``Fantástico" no final de janeiro, Lopes se travestiu de vendedor de água para investigar os assaltos de gangues de rua do Rio. Com sua microcâmera -e a do cinegrafista José de Arimatéia, que filmava do prédio da estação ferroviária Central do Brasil-, foram registradas cenas impressionantes. Entre elas, a da morte do chefe de um bando, que acabou sendo atropelado por um ônibus, na av. Presidente Vargas, após tentar assaltar um casal com um facão e ser perseguido por um motorista de táxi, que disparou tiros. Texto Anterior: Marketing ajudou a levantar ``...E o Vento Levou" Próximo Texto: ESPN exibe competição mundial de esportes radicais Índice |
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