São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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O taxista acidental
DALMO MAGNO DEFENSOR
Na verdade, essa cena jamais acontecerá: Barbara Gancia revelou, em artigo incontestado, que o ``Táxi do Gugu" é mera encenação, com atores no papel de passageiros. Nos esquetes, exemplos do augusto senso de humor. Um marreteiro derruba uma bandeja de minhocas no colo de uma senhora enojada. O motorista transporta muamba, e o passageiro vai preso por suspeita de contrabando. O carro é empesteado com cheiro de pum, para desconforto de duas passageiras. O motorista é um velhinho ``barbeiro", o passageiro assume o volante e é preso por falta de documentação. Ha-ha. Triste mesmo é o episódio (gerou protesto de um leitor) que mostra um casal de imigrantes nordestinos, recém-chegados à rodoviária, rumando para a casa de um parente na periferia. A gracinha consiste em tirar a placa do número da casa desse parente, e colocá-la em frente a um terreno baldio. Ao chegar ao endereço indicado, insistentemente dado como certo pelo taxista/Gugu, o casal se desespera por não encontrar a casa e a pessoa que procuram. Pior ainda, descobrem que sua bagagem sumiu do porta-malas. Não sei qual é a graça de uma história -pouco importa se é de mentirinha- que mostra gente humilde sendo trapaceada e assustada ao chegar à metrópole. Minha velha e indivisível avó Cristiniana, imigrante do sertão pernambucano, diria solenemente: ``brincadeira mais besta". Texto Anterior: ``Malhação" é tão interessante quanto fazer ginástica Índice |
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