São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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FHC articula saída política para greve

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

FHC articula saída política para greve
Sindicato diz que Petrobrás está "sondando" grevistas; CUT marca dia nacional de apoio ao movimento
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
Com o objetivo de acabar com a greve nesta semana e evitar confrontos nas refinarias, o presidente Fernando Henrique Cardoso está articulando uma saída honrosa para os petroleiros.
A saída honrosa seria sinalizar que a volta ao trabalho teria uma retomada imediata das negociações. Essa determinação foi dada ao ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, que a repassou à Petrobrás.
Um dos sinais dessa estratégia foi percebido ontem pelo coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antonio Carlos Spis.
Segundo ele, os superintendentes regionais da Petrobrás estão “sondando” os sindicatos dos petroleiros em cada Estado e chegando até a apresentar propostas econômicas para a negociação.
A Petrobrás e a FUP trocaram cartas na sexta-feira admitindo a retomada das conversas.
O superintendente da Petrobrás de Cubatão falou com o próprio Spis e apresentou dez ítens para a negociação.
“O problema é que não se consegue oficializar essas negociações “, afirmou Spis. Ele se disse aberto à discussão de qualquer proposta sem, no entanto, terminar a greve já. E, formalmente, a Petrobrás continua a exigir a volta ao trabalho antes dessas discussões.
FHC recebeu apelos do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, por intermédio de parlamentares do partido, para que providenciasse uma saída honrosa aos sindicalistas.
O recado que foi enviado ao presidente por intermédio do líder do PT na Cãmara, Jaques Wagner (BA), é que seria uma humilhação muito grande obrigar os petroleiros a voltar ao trabalho sem qualquer tipo de aceno -isso porque já estariam humilhados pelo acordo não cumprido e pela ocupação das refinarias pelo Exército.
A cúpula do PT reconhece reservadamente que não haveria outra atitude possível por parte de FHC -negociar antes do fim da greve seria uma demonstração de fraqueza política e, também, um descumprimento da decisão do TST que mandou, em dois julgamentos, que os petroleiros voltassem ao trabalho.
Esta semana, segundo os sindicalistas, será determinante para os rumos da greve, que completa hoje 27 dias. O desabastecimento de combustíveis tende a crescer.O governo teme que grupos radicais produzam um cadáver nas refinarias em confrontos com o Exército.
Solidariedade
A direção executiva da CUT, em reunião extraordinária realizada ontem em Brasília, resolveu intensificar os movimentos de solidariedade à greve dos petroleiros.
Marcou, para o dia 31, um dia nacional de apoio à greve, com paralisações e manifestações. Está organizando também uma coleta de fundos, pela qual cada trabalhador vai contribuir com R$ 1, para ajudar os grevistas.
O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados, antiga Convergência Socialista) e a Corrente Sindical Classista (PC do B) propuseram a greve geral. Para o presidente da central, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a avaliação é de que “não é o momento da greve geral”.

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