São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Petrobrás apresenta proposta a grevistas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Apesar de afirmar que não negociaria enquanto continuasse a greve, a Petrobrás apresentou uma proposta aos petroleiros para o término da paralisação, que já dura 27 dias.
Segundo a Folha apurou, no sábado à tarde, no Rio, o superintendente de Recursos Humanos da empresa, Clotário Francisco, esteve reunido com três representantes dos petroleiros.
Durante a reunião, a empresa apresentou a seguinte proposta:
1) rever parte das demissões;
2) negociar o pagamento dos dias parados;
3) antecipar o pagamento dos salários do dia 10 para o próximo dia 2;
4) admitiu a possibilidade de os petroleiros receberem já um terço das férias, calculada sobre salários e gratificações;
5) admitiu duplicar uma gratificação chamada de parcela/mês sobre as horas/turno.
A empresa pediu que a proposta fosse mantida em sigilo. Hoje, um boletim da Petrobrás será distribuído nas refinarias contendo a proposta e conclamando os petroleiros para que retornem ao trabalho.
A Folha apurou que as lideranças do movimento consideraram a proposta da empresa como bom início de uma negociação que poderia acabar com a greve. As lideranças reivindicam que o processo de negociação seja oficializado.
Os contatos entre a Petrobrás e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) se intensificaram desde a última sexta-feira. Neste dia, foram trocadas cartas entre a empresa e os grevistas, tentando reabrir o canal de negociação.
A primeira carta partiu da Petrobrás. Nela, a empresa diz que marcaria uma reunião com a FUP assim que os petroleiros voltassem ao trabalho.
A FUP se negou a encerrar a greve para então negociar, mas afirmou que a empresa e o presidente FHC estavam mostrando ``boa vontade" para a negociação.
O coordenador da FUP, Antônio Carlos Spis, informou ainda que os superintendes regionais da Petrobrás estão ``sondando" os sindicatos da petroleiros em cada Estado e chegando até a apresentar propostas econômicas.
O presidente FHC recebeu apelos do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, por intermédio de parlamentares do partido, para que providenciasse uma saída honrosa aos sindicalistas.
O recado que foi enviado ao presidente por intermédio do líder do PT na Câmara, Jaques Wagner (BA), é que seria uma humilhação muito grande obrigar os petroleiros a voltar ao trabalho sem qualquer tipo de aceno.
Solidariedade
A direção executiva da CUT, em reunião extraordinária realizada ontem em Brasília, marcou, para o dia 31, um dia nacional de apoio à greve, com paralisações e manifestações. Está organizando também uma coleta de fundos, pela qual cada trabalhador vai dar R$ 1 para ajudar os grevistas.
O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, antiga Convergência Socialista) e a Corrente Sindical Classista (PC do B) propuseram a greve geral. O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, diz que ``não é o momento da greve geral".
(Colaborou GILBERTO DIMENSTEIN)

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