São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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A maior da história

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Manchete lembrou ontem, no Programa de Domingo, que a votação da emenda que quebra o monopólio da Petrobrás está marcada para o dia 7, na Câmara dos Deputados. Não esta semana, a outra.
``Esta semana", afirmava ontem um sorridente Vicentinho, da CUT, na Cultura, ``nós vamos intensificar as negociações, é o que nós queremos".
Ou seja, ainda não há certeza de um fim para a greve até a votação da emenda. Aos 26 dias, ela já é ``a maior greve da história da Petrobrás".
A opção, quer o governo, é furar a greve. Para tanto, a Petrobrás encheu a televisão com uma nota para lembrar a decisão da Justiça e ``conclamar ao imediato retorno".
Na conhecida linguagem tortuosa, disse que vai retomar as negociações ``logo após a normalização das operações" -para não falar fim da greve.
Mais engraçado, talvez, no tal comunicado a Petrobrás fez elogios rasgados ao ``bom senso e alto grau de responsabilidade" de seus servidores.
Os mesmos que tomaram refinarias, cortaram o abastecimento de serviços essenciais, e que ontem, através do presidente da federação, diziam na Manchete, por exemplo:
- É responsabilidade do governo manter os estoques, no sentido de que o povo não seja desabastecido. Se houver calamidade, nós reavaliaremos.
Se houver calamidade...
Reuniões e reuniões
Quanto à greve geral, que já era para ter ocorrido quando começaram as paralisações todas, um mês atrás, ela vai mal. Ontem foi deixada de lado outra vez, o que Vicentinho explicou no Fantástico:
- A questão da greve geral é um debate que vamos fazer junto com a sociedade, com a comunidade, com os estudantes, com os comerciantes.
Final de milênio
- Fanatismo, pestes. Sinais do apocalipse? Por que o mundo anda tão ameaçado neste final de milênio? O que dizem as profecias?
Em meio aos excessos popularescos do Fantástico, nem tudo foi bobagem, como na entrevista com um professor de religião, que explicou:
- O nosso mundo parece ter perdido o sentido. Perdemos o sentido de comunidade. As coisas perderam o significado, perderam a ordem.

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