São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Paulistano pára errado e não nega

DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano admite que estaciona em locais proibidos, mas ``só por um minutinho". Essa é a desculpa que mais se ouve dos motoristas que insistem em parar onde não se deve.
Há uma semana, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vem intensificando a fiscalização em diversas ruas da capital, para diminuir o número de carros estacionados em lugares proibidos.
A reportagem da Folha percorreu, na última sexta-feira, algumas das ruas que seriam fiscalizadas durante o dia pela companhia, flagrando inúmeros casos de desrespeito explícito às placas de estacionamento proibido.
``Sei que é irresponsabilidade parar em fila dupla, mas estaciono sempre por pouco tempo e procuro ficar perto do carro", disse o empreiteiro Hugo Ribeiro, 30, após estacionar sua caminhonete na porta de uma loja de roupas na praça Vilaboim, em Higienópolis (região central).
O engenheiro João Saltorato, 45, que deixou seu carro estacionado em fila dupla por meia hora na praça, disse que o problema é a falta de opções. ``Tenho só duas garagens no meu prédio e tenho que deixar o carro na rua enquanto almoço. Não dá tempo de ficar procurando uma vaga", disse.
Alguns motoristas desligados nem mesmo sabem onde é permitido ou não estacionar. ``Vi vários carros parados, achei que podia parar também", afirmou o representante comercial Maurício Freire, 27, estacionado em baixo de uma placa de proibido na praça Vilaboim.
A praça é um dos locais da cidade onde há mais problemas por estacionamento em local proibido, devido ao grande número de lojas e restaurantes. Durante uma hora e meia, tempo que a reportagem da Folha esteve no local na sexta-feira, não apareceu um único fiscal da CET.
Segundo o manobrista de um dos restaurantes da praça, os fiscais têm passado todos os dias, mas só pela manhã. ``À tarde, todo mundo pára em lugar proibido, vira uma festa", disse ele.
Ponto de táxi informal
Na avenida São Luís (centro), onde não faltam placas para informar que lá o estacionamento não é permitido, formou-se um ponto informal de táxis, que param sem cerimônias para esperar por algum passageiro eventual. Quase 100 taxistas se revezam pelos lugares na avenida.
O taxista Osvaldo Gonzalez Balbon, 46, diz que prefere se arriscar a levar uma multa a ficar ``rodando sem passageiros". ``Não temos alternativa. Sem ponto fixo, o jeito é ficar aqui, onde tem bastante gente querendo um táxi", disse.
O motorista particular Miguel Doraoni, 43, dentro de uma Mercedes estacionada do outro lado da avenida, disse que esperava os patrões, que tinham ido ao advogado. ``Eles me pediram para esperar aqui. Se levar multa, eles pagam", disse.
Estacionado um pouco à frente, o engenheiro Paschoal Lima, 36, afirmou que pára em lugar proibido pelo menos duas vezes por semana, para esperar um colega de trabalho a quem dá carona.
``É sempre rápido, demoro menos de cinco minutos. Só hoje que demorei um pouco mais, estou aqui há uma hora e meia", disse.

LEIA MAIS
Sobre estacionamento proibido na pág. Especial-2.

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