São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995 |
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Autogestão de empresas ganha força, diz associação
FRANCISCA RODRIGUES
A autogestão (gerência de uma empresa pelos trabalhadores que se fazem representar por uma direção e por um conselho de gestão) tem sido usada como alternativa de sobrevivência. Alguns sindicatos de trabalhadores passaram a entender a crise de perto e em vez de greves, ficaram com a crise e com a empresa. A afirmação é de Aparecido de Faria, 53, diretor-técnico da Anteag (Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária), criada em fevereiro de 1994. Hoje algumas dezenas de empresas no Brasil são autogeridas, empregando 4.230 pessoas. Entre elas, Faria cita a Cobertores Parahyba, com 450 trabalhadores, a Consid, com 1.100, a Cootrac (Cooperativa dos Trabalhadores na Cerâmica Matarazzo), com 300 empregados e a Remington, com 120 trabalhadores. Somando-se as empresas que já estão sendo autogeridas mais as emergentes, calcula-se o acúmulo de mais de 11 mil empregos diretos, diz o diretor da entidade. A Anteag está coordenando 28 projetos e espera até o final do ano um total de 50 empresas autogeridas, que vão recriar cerca de 15 mil empregos, acrescenta ele. ``A demanda por projetos é de dez a 15 empresas por mês na Anteag." No ano 2000 haverá mais de mil empresas de autogestão que vão gerar cerca de 250 mil empregos diretos e um faturamento anual de aproximadamente US$ 6 bilhões, afirma Faria. Vantagens As vantagens da autogestão para o trabalhador são a manutenção do emprego e da renda, além da liberdade para decidir os passos da empresa e a perspectiva de nunca mais ser demitido, diz. Outro ponto positivo é o salário. A diferença entre o máximo e o mínimo é de cinco a seis salários, em média, segundo Faria. ``Na Matarazzo, por exemplo, existem hoje seis faixas salariais, contra as 56 existentes antes da autogestão. O maior salário é de R$ 1.890 e o menor, de R$ 315." ``Mas nem tudo são flores", afirma. As empresas de autogestão têm grande dificuldade em conseguir financiamentos. ``Queremos apoio do governo para obter linhas de crédito em igualdade com as companhias privadas", diz Faria. Há dificuldades também com o trabalhador. Segundo Faria, ``a mentalidade ainda é muito fechada. Uma parcela mínima aceita de imediato ser dono, mas a maioria só quer receber o salário sem pensar em responsabilidades." Texto Anterior: Cronistas e analistas Próximo Texto: EUA tem 10 mil firmas autogeridas Índice |
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