São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995 |
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'Modelão' do tetra entra em campo Dirigentes arrasam nosso futebol MARCELO FROMER; NANDO REIS
Resultado: nosso futebol está sendo literalmente arruinado. Depois de triunfarmos com um futebol mentiroso e arredio nos campos assépticos do Rose Bowl, nos Estados Unidos, voltamos para casa e assistimos, atônitos e inconformados, à baderna correndo solta. E a baderna é apoiada na tese de que, se assim fomos, seremos sempre campeões. Poderíamos traçar um paralelo trágico entre o que a morte de Ayrton Senna representou para a Fórmula 1 com a desgraça que se instalou no futebol depois do tetra. Tetra, aliás, conquistado com o futebol raquítico da seleção de Parreira. Os dirigentes ficaram crentes que descobriram o toque de Midas que irá nos devolver a legítima Jules Rimet. Mentira! O futebol brasileiro, depois do tetra, não faz jus a sua fama. E não é culpa dos jogadores, pois temos os melhores do mundo. A culpa é dessas entidades que coordenam o futebol como se montassem mula numa corrida de puro-sangue. Que nos desculpem aqueles que nos acham implicantes com o cérebro já grisalho da Grande Conquista -o centenário Zagallo-, mas vamos continuar batendo na mesma tecla. Quem assume a posição de técnico de uma seleção nacional tem que ter vontade de interferir no restabelecimento da ordem e da saúde do futebol de seu país. Do contrário, a omissão pode se parecer com conivência. Mas a Federação Paulista, desta vez, está levando a pior. O nosso campeonatozinho está prestes a completar sua 28ª rodada sem dizer a que veio. Foram jogos e mais jogos sem nenhuma importância, que só servem para cansar e desmotivar o torcedor. E ainda corremos o risco de nos dirigir para a etapa decisiva, quando as partidas realmente valerão alguma coisa, com os times desfalcados de suas principais estrelas. Afinal, teremos a Copa América e nossos astros estarão defendendo o prestígio da seleção canarinho no continente. Condescendentes e conformados ou revoltados e ultrajados? Aí vai de cada um, mas parece que nada vai mudar tão cedo porque o 'modelão' do tetra vingou. Infelizmente, parece que vingou mesmo. A mediocridade é o padrão estabelecido, vitorioso e incontestável. Os exemplos desse câncer estão aí, jorrando aos borbotões para desespero dos românticos, mas para a felicidade dos práticos. Só que, para nós, isso não interessa, porque está arrasando o futebol do Brasil. Abaixo o 'modelão'do tetra! A contribuição para as mudanças nas regras do futebol agora vem do litoral paulista: "Ficam abolidas as chuteiras. Os jogadores deverão atuar com pés de pato." (Luis Carlos Rocha, Guarujá, SP) Cartas podem ser enviadas para a Editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900 Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs Texto Anterior: Tiro mata torcedor no Maracanã sábado Próximo Texto: Real perde e permite reação do Deportivo Índice |
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