São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Bairro do Cambuci `esconde' Museu do Cinema

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Atrás de uma portinha insuspeita da avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci (região central de São Paulo), esconde-se um tesouro para cinéfilos e amantes da fotografia: o Museu do Cinema.
São mais de 2.000 peças, entre câmeras, projetores, fotos, cartazes e filmes. O acervo foi acumulado ao longo de 18 anos pelo ex-produtor e ex-distribuidor de cinema Antoninho Vituzzo, que, sem ajuda nenhuma, catalogou e acomodou tudo nas salas e desvãos de um prédio de três andares.
Entre outras preciosidades, há ali uma filmadora francesa de 1895, de madeira, à manivela, de um modelo semelhante ao pioneiro dos irmãos Lumière, assim como as primeiras câmeras de cinema Kodak de 16 milímetros (de 1923) e de 8 mm (1932), com os projetores correspondentes.
No setor de fotografia, o objeto mais antigo é uma câmera austríaca R. A. Goldmann, de 1859.
O acervo conta toda a história da fotografia e do cinema, incluindo experiências que não tiveram futuro, como uma filmadora Polaroid de super-8 mm de 1977. Da mesma forma que as câmeras fotográficas Polaroid, a própria filmadora revelava seus filmes.
Outras curiosidades são as câmeras fotográficas de 3-D (três dimensões) dos anos 40, as câmeras superportáteis Minox (Alemanha, 1937) usadas pelos serviços de espionagem na Segunda Guerra e o projetor de slides a querosene International (EUA, 1935).
Acima das prateleiras, as paredes do museu expõem outras preciosidades: dezenas de cartazes originais e fotos de filmes nacionais e estrangeiros desde a época do cinema mudo.
O Museu do Cinema existe há seis anos, mas ainda não está aberto ao público, por dois motivos: a falta de segurança e o caráter improvisado das instalações (o próprio Vituzzo construiu vitrines e prateleiras e colou as etiquetas de identificação nas peças).
``Aqui no bairro estão roubando até imagem de igreja", diz Vituzzo, que atualmente está em conversações com um grande banco para que este financie uma sede adequada para o museu.
Ele quer que essa nova sede seja no Ipiranga (zona sul), ``pelo caráter histórico do bairro, onde se fez a Independência" e também por motivos sociais: ``Na região dos Jardins já existem muitas opções culturais. Quero que o museu seja acessível às pessoas mais pobres, da periferia".
Por enquanto, só têm podido visitar o museu grupos de alunos, pesquisadores e profissionais das áreas de cinema e fotografia. Para as visitas, é preciso marcar hora com antecedência, pelo telefone 011/278-9986.

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