São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUP também articula saída para impasse

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) começou a articular ontem uma saída para o fim imediato da greve com a participação de uma nova frente parlamentar suprapartidária.
Os deputados Franco Montoro (PSDB-SP) e Luciano Zica (PT-SP) e os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Roberto Freire (PPS-PE) discutiram com a entidade a elaboração de um documento para ser apresentado nas assembléias regionais.
O documento prevê o retorno imediato ao trabalho. A idéia é colocar o Congresso como fiador da negociação.
Os líderes dos partidos governistas estavam sendo contactados para assinar o documento. Até o início da noite de ontem o documento não havia sido assinado.
A FUP quer acabar com a paralisação nos próximos dias, pois temem que a greve colabore com a aprovação da emenda que propõe quebra do monopólio da União na exploração do petróleo.
A emenda pode ser votada na próxima semana. Conforme a Folha apurou, o comando de greve avalia que os deputados podem aprovar proposta do governo influenciados pela paralisação, que entra hoje no seu 29º dia.
Eles temem também os efeitos negativos da greve na opinião pública. A direção da FUP tem recebido sinais de que a greve está irritando a população.
Este seria o principal argumento dos partidos para pedir o fim do monopólio da Petrobrás. O governo precisa de três quintos (308 votos) do plenário para aprovar o texto na Câmara.
O problema é que há sérias dúvidas sobre a possibilidade de os líderes da FUP conseguirem convencer os trabalhadores das refinarias a voltarem ao trabalho sem o aumento salarial reivindicado.
O comando grevista perdeu o controle de decisão em relação às bases regionais. Os diretores da FUP sabem que as assembléias nas portas das refinarias rejeitarão qualquer acordo que não defina um reajuste salarial.
A FUP também está preocupada com os instrumentos que o governo tem para intimidar os trabalhadores. A partir de sexta, a Petrobrás pode alegar abandono de emprego (30 faltas consecutivas) e demitir todos os grevistas.

Acordo
A proposta de acordo que está sendo negociada no Congresso é uma alternativa à resistência da Petrobrás em assinar documentos que garantam negociação com a FUP depois do fim da greve.
Este documento deveria garantir os benefícios propostos pela Petrobrás, como antecipação do pagamento do dia 10 para o dia 2, compra de 10 dias das férias e revisão das demissões.
Os parlamentares acreditam que o respaldo do Congresso pode convencer as bases a aprovar o acordo nas assembléias de hoje.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deu sinais ontem de que concordaria com o acordo. Através do seu porta-voz, embaixador Sérgio Amaral, FHC disse que ``vê com bons olhos qualquer idéia que busque o fim da greve".
O presidente prometeu ontem a metalúrgicos de Niterói (RJ) que tentará convencer o ministro Serra (Planejamento) a liberar verbas.

Texto Anterior: PT força CUT a lutar pelo fim da paralisação
Próximo Texto: Negociador da Petrobrás tem infarto e morre
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.