São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Negociador da Petrobrás tem infarto e morre

DAS SUCURSAIS E AGÊNCIA FOLHA

Clotário Francisco Cardoso, 51, superintendente de recursos humanos da Petrobrás e principal negociador da empresa junto aos petroleiros em greve há 29 dias, morreu de infarto, segundo a empresa, ontem no apartamento 610 do hotel Copacabana Residência, em Copacabana (zona sul do Rio).
Segundo o gerente do hotel, Johann Andreas, por volta das 7h30 de ontem José Lima de Andrade, superintendente-adjunto da Petrobrás, estranhou o fato de Cardoso não atender ao interfone e nem ao telefone celular. Utilizando uma chave reserva, Andreas e Andrade entraram no apartamento e verificaram que Cardoso estava morto.
Andrade costumava apanhar Cardoso no hotel pela manhã. Na noite de anteontem, os dois haviam saído da Petrobrás pouco antes das 22h. Por volta da 0h30 de ontem, Andrade deixou Cardoso na porta do hotel.
Segundo Solange Águeda, proprietária do Copacabana Residência, Cardoso havia comentado com Andrade que estava muito cansado e se sentindo mal.
O setor médico da Petrobrás, depois de examinar o cadáver, constatou que a causa da morte foi infarto do miocárdio, ocorrido entre 0h30 e 7h30.
Natural de Araxá, cidade mineira a 374 km de Belo Horizonte, Cardoso era casado e teve duas filhas. Cardoso era administrador de empresas e ingressou na Petrobrás em 1963 como auxiliar-administrativo.
Segundo informou a assessoria de imprensa da Petrobrás, Cardoso viajava quase todos os finais de semana para encontrar a família, que mora em Belo Horizonte.
Durante a manhã, o corpo de Cardoso permaneceu no Hotel Copacabana Residência. À tarde, foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia do Rio.
O corpo foi transladado para Belo Horizonte ontem à noite, onde deve ser enterrado hoje, às 9h, no cemitério Parque das Colinas. A Petrobrás foi responsável pelo translado.

Negociação
Cardoso havia participado anteontem pela manhã de uma reunião na sede da Petrobrás com Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), e mais alguns diretores da federação.
No início da noite de anteontem, ele participou de uma outra reunião, desta vez com o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito e o presidente da Petrobrás, Joel Rennó.
O ministro Paulo Paiva (Trabalho) responsabilizou a greve dos petroleiros pela morte de Cardoso. Ele acha que o movimento já ultrapassou o limite do razoável.
O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antônio Carlos Spis, disse que a morte do funcionário da Petrobrás pode atrasar as negociações com a empresa para acabar com a greve.
``Lamentamos a morte dele. Ele era um interlocutor importante na negociação com o governo".

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