São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Sem Marcelinho, Corinthians deve se fechar

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bem, se diante da Lusa, já com a classificação no Paulista praticamente garantida, o técnico Eduardo Amorim começou o jogo com três volantes e terminou com quatro, para assegurar um pontinho neste torneio de araque, imagine esta noite, quando um empate diante do Vasco, aqui, bastará para levar o Corinthians à decisão da Copa do Brasil, que oferece uma vaga para a Libertadores?
É verdade que, se não puder contar com Marcelinho, o mais ajuizado mesmo é trancar a porta da intermediária e jogar a chave fora. Azar do torcedor, que terá de se contentar com aquele futebolzinho morrinha que tem caracterizado as últimas partidas por estas bandas.
Já o Vasco, que tentou se salvar, em vão, na fase decisiva do Campeonato Carioca também atuando com volantes, não terá alternativa senão a de entrar com três atacantes -Valdir, Clóvis e Brenner- e dois meias armadores, com Leandro segurando as pontas na frente de sua zaga.
E seja lá o que Deus quiser. Ou melhor, no clamor da lusitana torcedora inventada pelos seus adversários para eriçar os pelos vascaínos: ``Bai fundo, Basco, que meu marido é sócio!".

Quanto a Flamengo e Grêmio, que disputam a outra vaga, no Olímpico, há quem veja sombras sorrateiras movimentando-se pelos bastidores da CBF para assegurar a classificação rubro-negra. Pode ser, posto que de nada duvido neste mundo. Mas ali, dentro das quatro linhas, aquele golzinho salvador de Jardel, no finalzinho do jogo do Maracanã, colocou uma pulga atrás da orelha dos observadores imparciais. Pelo que o Grêmio tem demonstrado na Copa do Brasil e na Libertadores, trata-se de um time sem brilho, mas ganhador. É o que antigamente se chamaria de refúgio de refugos dos grandes. Jogadores que não foram considerados indispensáveis pelos grandes de São Paulo e Rio, como Dinho, Luís Carlos Goiano, Paulo Nunes, Jardel etc., foram reunidos sob o comando de um jovem e competente treinador, Luís Felipe, e o time ganhou consistência. Mais que isso: aquela certeza interior que, até o apito final, nada está perdido.
Em contrapartida, o Flamengo entra em campo coberto de lantejoulas. Seria de ouro se lá estivessem Edmundo, Romário e Válber, que, ao lado de Sávio, formam um quarteto de craques a quem a bola e o crítico só podem prestar reverências. Sem eles, porém, é um time com mais defeitos do que virtudes.
Mas, como diz a sabedoria popular, uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Traduzindo: com ou sem os seus principais craques, com ou sem supostas tramas urdidas nos bastidores, aquela camisa basta para assombrar qualquer cristão.

Tudo indica que a estrela de Edmundo voltou a brilhar. Não só foi convocado quando se encontrava nas sombras de uma punição irreversível do Palmeiras como ainda foi contratado a peso de ouro pelo Fla, que era seu sonho. Agora, Bebeto oferece a Edmundo sua vaga na seleção. Só falta jogar o que sabe.

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