São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Clotário é enterrado em BH

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ex-diretor da Petrobrás José Machado Sobrinho responsabilizou ontem a política neoliberal do governo pela morte do superintendente de Recursos Humanos da empresa, Clotário Francisco Cardoso.
Sobrinho disse que Cardoso sofreu o infarto devido à tensão produzida pela greve dos petroleiros, que teria sido ``fabricada pelo governo" para facilitar a privatização da Petrobrás. A afirmação foi feita durante o enterro do corpo de Cardoso, no cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte (MG).
O ex-diretor disse também que havia se encontrado com Cardoso no último dia 26, quando o teria aconselhado a abandonar as negociações com os petroleiros.
``Sabia que ele não ia aguentar aquilo. Na véspera da sua morte, ele fumou um maço de cigarro pela manhã", disse.
O discurso de Sobrinho foi rebatido pelo ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, que representou o presidente Fernando Henrique Cardoso no enterro.
``Foi uma fala demagógica e oportunista de alguém que já é uma carta fora do baralho. É uma voz que não representa nada em termos de Petrobrás", disse.
O presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, o ex-vice presidente da República Aureliano Chaves e cerca de 150 pessoas compareceram ao enterro.
Rennó disse que Cardoso não estava negociando, mas apenas ``conversando" com os grevistas. Ele aproveitou para criticar o movimento dos petroleiros.
``A radicalização que ocorreu terá sido talvez o tiro de misericórdia naqueles que esperavam que nenhuma mudança fosse ocorrer no setor de petróleo no país. A proposta de emenda constitucional flexibilizando o monopólio do petróleo certamente será aprovada pelo Congresso", afirmou.
Segundo Rennó, com a flexibilização do monopólio, ``a Petrobrás será mais forte, mais competitiva e mais eficiente".
Brito fez um apelo para que os petroleiros voltem ao trabalho. Essa é, segundo ele, a única maneira de evitar novas demissões.

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