São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Legendas tentam barrar fim das coligações

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; ANDREW GREENLEES
EDITOR DO PAINEL

ANDREW GREENLEES
Os pequenos partidos com representação na Câmara dos Deputados vão tentar rachar o PFL na votação da reforma política como estratégia de sobrevivência.
Os pequenos querem evitar o fim das coligações partidárias nas eleições congressuais, tese defendida pela cúpula pefelista e que será incorporada pelo relator da reforma do Código Eleitoral, deputado João Almeida (PMDB-BA).
Coligações são alianças entre partidos para disputar uma eleição. Os partidos menores aliam-se a legendas de maior força eleitoral e, como o cálculo dos votos é feito considerando-se a chapa inteira, os pequenos conseguem mais cadeiras do que obteriam unicamente com suas próprias votações.
Segundo estudo feito pela liderança do PL na Câmara, pelo menos oito dos 17 partidos que elegeram deputados federais em 94 perderiam fatias substanciais de suas bancadas caso fossem obrigados a disputar sem aliança com os maiores. As siglas que encolheriam (ou até desapareceriam da Câmara) são: PSB, PMN, PSD, PSC, PC do B, PPS, PV e PRP.
O caso do PFL é curioso. Matematicamente, o fim das coligações seria negativo para o partido que se dedica a uma campanha de crescimento. Conforme o estudo do PL, os pefelistas perderiam oito deputados. Mas o comando do PFL está convencido de que compensaria este problema atraindo parlamentares das legendas menores que tenderiam a desaparecer.
Para o PMDB -maior partido na Câmara-, a restrição seria positiva. Ainda segundo o estudo do PL, os peemedebistas ganhariam sete deputados em relação ao número dos que elegeu. Isso ajudaria a afastar a ameaça de perder a maior bancada para o PFL.
``As mesmas forças que querem acabar com o monopólio do petróleo querem criar o monopólio de três ou quatro partidos", diz o líder do PC do B, Aldo Rebelo.
Ele discorda da avaliação de que os pequenos só ``pegam carona" na votação dos aliados. ``Nossa representação é de uma corrente que se expressou em candidaturas majoritárias, que não eram de nosso partido, pelas quais trabalhamos".
No caso do PC do B, estas candidaturas majoritárias foram as do PT. O levantamento mostra que os petistas teriam muito a ganhar com o fim das coligações.
José Genoino (PT-SP) aponta outra fórmula, que não a de proibir coligações: ``Prefiro que a coligação das urnas continue no Congresso". Ou seja, os eleitos pelos partidos menores integrariam um bloco liderado por um parlamentar da sigla mais forte. Mas a posição de Genoino não é unânime no PT.
Ontem, líderes de 12 partidos políticos (PT, PPR, PP, PTB, PDT, PSB, PL, PC do B, PMN, PSD, PPS e PSC) lançaram um manifesto contra as tentativas de limitar o número de siglas partidárias e proibir as coligações.

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