São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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REPERCUSSÃO

Mário Covas, governador de São Paulo: ``Para mim a saída do Arida foi uma surpresa. Não tem lógica as pessoas dizerem que isso me beneficia porque ontem (anteontem) eu afirmei que as negociações com o Banco Central em torno do Banespa estavam próximas a uma solução. Não há queda de braço nenhuma. As negociações com Pérsio Arida vinham bem e acho que devem continuar bem."

Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos): ``Fiquei muito satisfeito com a saída de Pérsio Arida, que causou estragos irreparáveis à indústria. A mudança deve significar flexibilização do câmbio, a redução do compulsório e a queda dos juros."

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo: ``Espero que o novo presidente reverta a política monetária restritiva."

Roberto Nicolau Jeha, coordenador do Grupo de Política Industrial da Fiesp: ``Lamento mudanças tão frequentes no BC. E lamento a saída de um dos formuladores do Real. É verdade que os juros estão intoleravelmente altos, mas por isso mesmo eles iriam baixar, com ou sem Arida."

Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente da Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior): ``Se Arida pecou, foi por excesso. Com Loyola, que é mais pragmático e tem vivência no setor privado, cria-se expectativa de queda dos juros e flexibilização do câmbio."

Sérgio Haberfeld, presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Papel e Papelão no Estado de São Paulo: ``Não vejo com bons olhos mudanças que possam tirar a prioridade do combate à inflação. Mais importante é não colocar em perigo o Real."

Emerson Kapaz, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo: ``Há muito espaço para os juros caírem sem ameaçar a política antiinflacionária. Arida era quem mais resistia à redução dos juros que permitisse à indústria voltar a investir."

Rogério Bonfiglioli, vice-presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento): ``O nome escolhido para substituir Arida é muito bom para a economia, mas não teremos mudanças de imediato."

Cândido Botelho Bracher, diretor do banco BBA Creditanstalst: ``A disputa entre os que defendem a manutenção da âncora cambial e aqueles que acham que o câmbio precisa ser ajustado deve tornar-se mais acirrada. Os juros podem cair mais depressa."

Luciano Coutinho, professor do Instituto de Economia da Unicamp: ``É preciso mudar o rumo da política econômica, principalmente em dois pontos: taxa de câmbio, que não pode ficar por muito tempo dentro desta banda, e os juros, que estão muito altos."

João Manoel Cardoso de Mello, professor do Instituto de Economia da Unicamp: ``Só posso dizer uma coisa: é um absurdo (a atual política de juros praticada pelo Banco Central)."

Paulo Butori, presidente do Sindipeças: ``O Pérsio Arida foi um dos mentores intelectuais do Plano Real e me preocupa não termos no comando da economia um dos seus idealizadores."

Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe: ``O novo presidente do BC, no entanto, já conhece a máquina e deve conduzir o processo de mudanças da política monetária aos poucos."

Alfredo Neves Penteado Moraes, vice-presidente do Banco ABC-Roma: ``Não acredito em mudanças na política cambial no curto prazo."

Luiz Paulo Rosemberg, economista: ``O que inquieta é a troca do pai do Plano Real por um burocrata. Significa uma opção pelo esvaziamento do BC e o empobrecimento do debate."

João Paulo dos Reis Velloso, ministro do Planejamento nos governos Médici e Geisel: ``Acho que a troca em si não é boa. Mas a escolha do Loyola foi muito boa. Vai haver maior aproximação entre as posições do BC e do Ministério da Fazenda."

Ernane Galvêas, ministro da Fazenda do governo Figueiredo: ``É lamentável que se fique trocando tanto o presidente do Banco Central. Não creio em mudanças substanciais nas políticas monetária e cambial."

Arthur João Donato, presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro): ``Acredito que a saída de Arida não deve alterar a política a condução do Plano Real. Espero que seu sucessor tenha sensibilidade para o grave problema que hoje enfrenta o empresariado industrial: conviver com juros tão altos."

Rui Falcão, vice-presidente nacional do PT: ``Espero que a queda de Pérsio Arida da presidência do BC leve a mudanças substanciais na política da taxa de juros e a uma revisão geral da política econômica do governo."

Francisco Dornelles, ministro da Fazenda do governo Sarney: ``Considerei lamentável a saída do Arida. Ele participou ativamente da elaboração do Real, o viu crescer e dar certo. Eu o considerava insubstituível na condução do plano. Não tenho condições de avaliar que consequências isto pode ter na política econômica."

Cássio Cunha Lima (PMDB-PB): ``É um sinal claro de que vem ajuste cambial. Arida vinha segurando a atual política cambial. Houve um conflito e ele preferiu deixar o governo a promover mudanças com as quais não concordava."

Miro Teixeira (PDT-RJ): ``A saída de Pérsio assinala o conflito de opiniões entre ele e Serra. Espero que o governo consiga produzir ajustes que reduzam os custos de manutenção do Plano Real."

Walter Barelli, secretário de Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo: ``Acho que os juros estavam altos demais. Não sei se foi por isso que Arida saiu. Não dá para fazer política antiinflacionária só com alta de juros."

Orestes Quércia (PMDB), ex-governador de São Paulo: ``Se a saída do presidente do BC representar a derrota dessa política criminosa de juros altos, eu só posso dizer que foi bem-vinda. A atual política de juros é uma aventura irresponsável e propositada para levar o país à recessão."

Pedro Bodin, ex-diretor do BC e atualmente no Banco Icatu: ``Não tenho motivos para não acreditar que a saída de Pérsio não seja por razões pessoais. Ele mesmo tentou levar Gustavo Loyola para o BC várias vezes. Não acredito que haverá qualquer guinada na política econômica."

Raul Pereira Barreto, vice-presidente do Banco Mercantil de São Paulo: ``A mudança nos pegou totalmente de surpresa, pois Pérsio Arida estava conduzindo muito bem a política monetária. Sem saber os motivos da sua saída, é difícil fazer uma avaliação. Mas tenho certeza de que o nome de Gustavo Loyola será muito bem recebido pelo mercado."

Luis Roberto Ponte (PMDB-RS): ``É lamentável para o governo, para o plano e para a unidade da equipe. Acho que ele deveria ter engolido alguns sapos na discussão interna e continuar lutando pelas suas idéias. Deveria ter evitado atitude tão radical."

Marcílio Marques Moreira, ministro da Economia do governo Collor: ``Toda sucessão é lamentável e inevitável. Mas a transição se dará de forma tranquila. Acho que não haverá grandes mudanças. Talvez, uma mudança de estilo. Pérsio é mais dedicado ao desenho da política, enquanto Loyola se debruça mais sobre a operação. Quanto aos juros, não acredito em grandes mudanças."

Yeda Crusius (PSDB-RS): ``Arida é uma das pessoas mais brilhantes que o país tem. É uma pessoa que tem uma formação teórica excelente. Acho que é natural que as coisas acontecessem assim, porque ele é muito preciosista e perfeccionista. Acho que ele pensou que estava na hora de sair."

Michel Themer (PMDB-SP), líder do PMDB na Câmara: ``A demissão foi acima de tudo surpreendente. Ele parecia agir com todo respaldo e já sinalizava para a queda dos juros. O que mais ouvi dos prefeitos e das bases políticas era o temor de que ao tentar salvar o Real o governo poderia quebrar o Brasil. E Arida disse, publicamente, que os juros cairiam".

Senador Pedro Simon (PMDB-RS): ``FHC já estava sinalizando com a baixa dos juros. Acho que o protesto de Covas, que não participou do jantar com FHC, precipitou a saída do Arida. Acredito que não há risco de modificações no Plano Real."

Marcello Alencar, PSDB, governador do Rio: ``Arida era apenas um técnico e todo técnico pode ser substituído. Não vejo nada para alarmar."

Fernão Bracher, presidente do BBA Creditanstalt e ex-presidente do Banco Central: ``A saída de Arida não deve alterar a política econômica. O BC não é independente, segue a orientação da Fazenda. O BC fica em mãos muito competentes. O Loyola é muito respeitado pelo Pérsio Arida."

Maria da Conceição Tavares (PT-RJ): ``Ele já havia me confessado que estava desconfortável no cargo por causa da briga dos juros e das reservas cambiais."

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