São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995 |
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Moradores abandonam bairro
LUIZ FRANCISCO; TEREZA RANGEL
``Não fico mais aqui porque há risco de novos desabamentos", disse Júlia Ribeiro da Costa, 27. A Polícia Militar isolou toda a área da rua que foi soterrada. Somente as pessoas que moram no local ou tinham parentes no local podem ter acesso. O comerciário Wellington Nascimento, 26, escapou do deslizamento por causa da chuva. Todos os dias o comerciário deixa sua casa às 13h30 para trabalhar no centro de Salvador. ``Chovia forte e resolvi sair para o trabalho mais cedo para evitar engarrafamentos", disse. ``Quando voltei, vi dezenas de pessoas chorando e não encontrei mais minha casa." Um tio e dois primos do comerciário que estavam em sua casa morreram soterrados. Sua irmã foi salva pelos bombeiros. Os pais do comerciário também escaparam da tragédia porque estavam trabalhando na hora do deslizamento. A dona-de-casa Eliane Bispo dos Santos estava em casa com uma amiga e o filho Carlos Wesley, de um ano e quatro meses, quando a terra começou a deslizar. ``Vi telhados e folhas de bananeira chegando", disse ela. Sua casa foi uma das poucas na rua Rio Branco que não ficou soterrada após o deslizamento. O pedreiro Otávio Santos não teve a mesma sorte. O corpo de sua filha Jéssica dos Santos, 12, foi encontrado pelos bombeiros a 20 metros do local onde estava construída sua casa. Outros dois filhos do pedreiro continuam desaparecidos. ``Não acredito mais que estejam vivos." Dados da Secretaria de Terra e Habitação de Salvador mostram que cerca de 1,5 milhão de pessoas em Salvador moram em áreas de encostas e bairros da periferia. Antes das mortes causadas pelo deslizamento em São Gonçalo do Retiro, outras duas pessoas já haviam morrido soterradas nos bairros de Vila Canária e Novo Marotinho. (LF e TR) Texto Anterior: Mortes em desabamento chegam a 25 Próximo Texto: Desabamentos chegam a 670 Índice |
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