São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Vírus de febre hemorrágica mata militar

AURELIANO BIANCARELLI; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um oficial do Exército morreu e dois estão internados no Hospital Emílio Ribas de São Paulo, vítimas de febre hemorrágica contraída na selva amazônica. Os três participavam de um curso de guerra e sobrevivência na selva a 60 km de Manaus (AM).
O curso é dado pelo CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), do Comando Militar da Amazônia. O primeiro oficial morreu sete dias depois de ser internado no Hospital Militar de Manaus.
Os dois outros foram levados para São Paulo e internados anteontem de manhã. Um deles chegou urinando sangue e permanece na UTI do Emílio Ribas, respirando com aparelhos.
Vasco Pedroso de Lima, diretor médico do hospital, disse que o vírus que atacou os militares ainda não foi identificado. O mais provável -segundo ele- é que se trate de um Arenavírus, que pertence ao primeiro grupo da febre hemorrágica.
No segundo grupo está o Ébola, vírus que vem fazendo vítimas e espalhando pânico no Zaire. Outra hipótese é a de um Hantavírus, que pertence ao quarto grupo de vírus da febre hemorrágica e que já matou duas pessoas em Juquitiba (Grande São Paulo), em 1993.
O coronel Ubiratan Marcondes, 50, sub-chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, disse ontem que cerca de outros 50 oficiais -a maioria tenentes- participavam da turma de treinamento do CIGS em que houve os casos de contágios viróticos.
``Os oficiais dessa turma que não apresentaram sintomas estão sob acompanhamento médico e trabalhando normalmente", disse. Segundo o coronel, essa é a primeira vez que um grupo de militares é contagiado por um vírus em um curso do CIGS.
O Exército enviou amostras dos órgãos internos do oficial morto para análises em Manaus e em outros institutos do país a fim de identificar o vírus que contagiou os militares. ``O Exército só sossegará quando tiver todas as informações sobre o assunto", disse.
Segundo ele, os participantes dos treinamentos do CIGS são examinados por médicos antes e depois do curso. Uma equipe com um médico e enfermeiros também acompanharia os alunos.
O diretor do Emílio Ribas acha que está afastada a hipótese do vírus Ébola. ``Não há nenhum caso identificado no Brasil. Seria estranho que os três militares fossem atacados na mata", disse.
Sabe-se que o oficial morreu de insuficiência respiratória, quadro que aparece também no paciente internado na UTI do Emílio Ribas.

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