São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995 |
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Jorge Cabeleira mescla baião a punk rock
LUIZ ANTÔNIO RYFF
O grupo é formado por cinco garotos de 19 anos que não se consideram músicos profissionais: Dirceu Filho (guitarra e vocal), Rodrigo Coelho (baixo), Davi Filho (bateria), Pedro Mesel (percussão) e um novo integrante, André Anderson (guitarra). ``Somos todos ninfetos", brinca Dirceu. Colegas de escola, começaram tocando juntos há cinco anos, na banda Os Mordomos. Inicialmente, era blues e rock dos anos 60. ``Depois tivemos contato com ritmos do Nordeste e tentamos misturar isso. O baião é um negócio de raiz que tem tudo a ver com o blues", diz Dirceu. ``Nosso lance é fazer uma mistura universal. Quem não é do lugar e nunca ouviu baião não vai achar o resultado folclórico", explica o baixista Rodrigo Coelho. Assim nascia o Jorge Cabeleira, há dois anos. ``O nome é coisa de bêbado", dizem. A banda começou a aparecer em 94, ao participar do festival Superdemo com uma fita que eles qualificam como ``horrorosa". Mas foi o suficiente para serem notados. As letras épicas, eles explicam de forma simples. ``O pernambucano tem uma carga dramática muito grande na sua música. Veja Zé Ramalho", diz Coelho. Apesar de viverem perto do mar, as letras versificam o sertão. Talvez porque eles componham em São Severino dos Macacos (110 km de Recife), onde conversam com os caboclos. ``Nossa inspiração vem de lá", diz Coelho. Apesar de admirarem os conterrâneos Nação Zumbi e Mundo Livre S.A., eles não fazem parte do movimento musical encabeçado pelos dois grupos, o mangue beat. ``Não somos do mangue beat, mas simpatizamos com a idéia de conservar a cultura da gente", afirma Coelho. A comparação com o forró-core dos Raimundos também é rejeitada por eles. ``São fontes de informação diferentes. Eles são mais crus, a nossa música é mais trabalhada", diz Coelho. O guitarrista Roberto Frejat (Barão Vermelho), que produziu o disco, elogia a mistura dos ritmos regionais ao rock. ``Tem garoto que poderia não gostar de `Xote das Meninas' com Luiz Gonzaga, por causa da sanfona ou de qualquer outra coisa. E ouvindo a versão do Jorge Cabeleira pode pensar: `Que canção maravilhosa. Que letra genial'." O jornalista LUIZ ANTÔNIO RYFF viajou a convite da Sony Music Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Grupo faz 'música de cordel' Índice |
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