São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995 |
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Grupo faz 'música de cordel'
LUIZ ANTÔNIO RYFF
O resultado pode ser degustado nos 38 minutos do disco ``Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Felizes", produzido por Roberto Frejat. Alguns tentam comparar o grupo aos Raimundos. Besteira. Os meninos do Jorge Cabeleira são mais refinados. As letras têm qualidade. Apesar de o grupo ser de Boa Viagem -bairro chique de Recife em frente ao mar-, as letras tratam mais do sertão e do agreste. É o caso de ``Psicobaião" ou da épica ``Canudos", que fala sobre o massacre da comunidade comandada por Antônio Conselheiro. ``Recife" tem uma letra bastante política. Discorre sobre os problemas típicos de uma grande cidade e consegue não ser chata. Algumas letras parecem tiradas da literatura de cordel. O melhor exemplo é ``Jabatá e o Diabo", que narra a cobrança de uma dívida pelo diabo. Um dos melhores momentos do disco é ``Carolina", que mistura ``O Cheiro da Carolina" e ``O Xote das Meninas" em uma versão pauleira que arrepiaria o velho Gonzagão. O grupo faz outras regravações, entregando suas influências musicais. Além de ``Sol e Chuva", de Alceu Valença, o disco tem uma versão alucinada de ``Os Segredos de Sumé", de Zé Ramalho, que divide os vocais na música. Instrumentalmente, contudo, o grupo pode se aprimorar. Os guitarristas usam bem a escala de baião, mas têm restrições técnicas, principalmente quando tentam solar. Depois de Nação Zumbi e Mundo Livre S.A., o Jorge Cabeleira confirma que o melhor do rock nacional atual está em Recife, seja na lama do mangue ou na areia da praia de Boa Viagem. (LAR) Disco: Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis Gravadora: Sony Quanto: R$ 18 Texto Anterior: Jorge Cabeleira mescla baião a punk rock Próximo Texto: Adaptação para TV de 'Nostromo' começa a ser gravada na Colômbia Índice |
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